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Opositor questiona investigação sobre morte de Nemtsov

9 de março de 2015

Ativista da oposição diz que tese defendida por investigadores, de que assassinato do ex-vice-premiê teria motivação religiosa, visa apenas tirar foco de Putin. Radical checheno teria confessado crime.

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Nemzow
O checheno Zaur Dadayev teria confessado crime à Justiça russaFoto: Reuters/T. Makeyeva

Um ativista opositor e amigo de Boris Nemtsov, ex-vice-primeiro-ministro assassinado em Moscou, questionou nesta segunda-feira (09/03) a teoria, defendida por investigadores, de que o crime foi cometido por radicais muçulmanos chechenos.

No domingo, autoridades russas anunciaram o indiciamento de Zaur Dadayev e Anzor Gubashev, detidos na véspera. Os dois estão entre cinco suspeitos, todos de etnia chechena, levados a um corte de Moscou e expostos para equipes de TV em jaulas de metal.

A linha de investigação defendida até aqui é de que Nemtsov, uma das principais vozes de oposição ao Kremlin, teria sido morto por demonstrar solidariedade às vítimas do semanário satírico Charlie Hebdo. Após os atentados de Paris, em janeiro, a Chechênia, região de maioria muçulmana no Cáucaso, realizou um grande protesto contra as sátiras da publicação francesa.

"Nossos piores medos estão se tornando reais. Quem puxou o gatilho será culpado, enquanto os que ordenaram a morte de Nemtsov sairão impunes", questionou o opositor Ilya Yashin pelo Twitter. "A tese sem sentido de motivações islâmicas na morte de Nemtsov se encaixam muito bem para o Kremlin e tira Putin da linha de frente."

Ex-vice-comandante de um batalhão dos serviços de segurança da República da Chechênia, Zaur Dadayev teria confessado o crime. Gubashev, no entanto, negou seu envolvimento.

Gedenken an den ermordeten Boris Nemzow
Manifestação em apoio a Nemtsov em Moscou: oposição questiona linha de investigaçãoFoto: picture-alliance/dpa

"A culpabilidade de Dadaev foi corroborada por sua confissão. Por isso, há motivos para adotar medidas cautelares", afirmou a juíza Natalya Mushnikova, ao decretar a prisão preventiva dos cinco suspeitos.

Aliado do presidente Vladimir Putin, o líder checheno Ramzan Kadyrov afirmou que Dadayev é um muçulmano que se ofendeu com as charges do profeta Maomé publicadas pelo Charlie Hebdo.

"Conheço Zaur como um autêntico patriota da Rússia. Se o tribunal confirma sua culpa, então é porque ele cometeu um grave crime ao assassinar um homem. Mas insisto que ele não poderia dar nem um passo contra a Rússia, pela qual arriscou a própria vida durante muitos anos", escreveu Kadyrov na noite de domingo em seu Instagram.

O líder oposicionista Boris Nemtsov, de 55 anos, foi assassinado a tiros em 27 de fevereiro, numa ponte próxima ao Kremlin, quando caminhava ao lado da namorada, a modelo ucraniana Anna Duritskaya. Na terça-feira, Nemtsov foi sepultado num cemitério de Moscou.

RPR/rtr/efe