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Opinião: É tempo de um novo Trump?

1 de março de 2017

Ao discursar no Congresso, presidente americano adotou tom conciliador e postura relativamente presidencial pela primeira vez – para alívio dos republicanos, opina o correspondente Miodrag Soric.

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Soric Miodrag, correspondente da DW em Washington
Soric Miodrag é correspondente da DW em Washington

Talvez ele esteja aprendendo com seus erros do passado? Em vez de espalhar temores ou difamar adversários políticos, Donald Trump fez, diante de ambas as casas do Congresso, um discurso cheio de otimismo – ele mencionou a força americana e falou de um despertar para modernizar os EUA. Ele até propôs aos oposicionistas democratas uma colaboração, como nas políticas de saúde, imigração e educação. Os democratas hesitam, desconfiam deste novo Trump. No entanto, não puderam deixar de aplaudir quando o presidente enfatizou a prontidão ao sacrifício de soldados e policiais americanos e quando denunciou todas as formas de antissemitismo e xenofobia.

Os olhos de Trump ficavam grudados no teleprompter. Foi o primeiro discurso em que assumiu uma postura relativamente presidencial. Na maioria das vezes, ele acertou no tom. Não cometeu grandes erros. Os republicanos pareceram aliviados. Poucas vezes antes eles estiveram tão unidos em apoio a seu presidente. Como quando Trump ressaltou o papel de liderança dos EUA, a parceria com Israel, a luta contra os islamistas e a importância da Otan.

Aparentemente, seus críticos do partido o perdoaram por ter dito há poucas semanas que a Otan é "obsoleta" e por ensaiar proximidade com a Rússia. No Congresso, as palavras "Moscou" e "Rússia" não saíram de sua boca. Isso é curioso, especialmente para aqueles que acompanham a imprensa americana. Esta especula há semanas sobre até que ponto a equipe de campanha do candidato Trump cultivava contatos com o Kremlin.

Mas isso não incomoda o presidente. A política externa quase não foi abordada no discurso de Trump. Ele se concentrou em três temas: fortalecimento da economia doméstica, a segurança das fronteiras americanas e a reforma do sistema de saúde. A maior fraqueza de seu discurso: ele não forneceu detalhes de como pretende reduzir os custos das mensalidades do seguro de saúde. Ele permaneceu nas generalidades, de onde o dinheiro deve vir para uma melhor infraestrutura ou para um Exército mais moderno. Ele previu impostos mais baixos, mas não forneceu quaisquer números. E neste ponto lá está novamente o "velho Trump", alguém que promete mundos e fundos mas não fala como pretende cumprir suas promessas.

Em termos de conteúdo, o discurso de Trump teve poucas novidades. O presidente continua em seu curso nacionalista e conservador nas políticas interna e econômica. Ideias isolacionistas continuam a influenciar sua política externa e de segurança. Mas, no tom, ele foi mais conciliador, aparentemente mais previsível. Pelo menos isso.