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Opinião: Trump e os Estados Desesperados da América

Ines Pohl
Ines Pohl
24 de fevereiro de 2016

É possível deter Donald Trump em sua marcha rumo à Casa Branca? Alguns intelectuais liberais até já consideram aderir aos republicanos para ter um voto contra, constata a correspondente em Washington Ines Pohl.

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Ines Pohl é correspondente da DW em Washington

Agora a trinca está completa: depois de New Hampshire no leste e da Carolina do Sul no sul, Donald Trump mostrou que também é capaz de vencer no oeste. Com uma vantagem de mais de 20 pontos percentuais, ele colocou Ted Cruz e Marco Rubio, os únicos adversários ainda dignos de nota na corrida republicana, nos seus lugares.

E agora tudo, mas realmente tudo, é possível. No fim das contas, não só a indicação de Trump como candidato do Partido Republicano à presidência dos Estados Unidos, mas também que seja ele quem vai ocupar o cargo na Casa Branca. Pois Hillary Clinton, a provável candidata dos democratas, já cometeu erros demais em sua longa carreira política para que se possa considerá-la uma aposta segura.

Por isso o resultado das eleições primárias em Nevada foi amargo para grande parte dos republicanos moderados. Muitos esperavam que, após a saída de Jeb Bush do páreo, seus adeptos passassem a apoiar Marco Rubio. Contudo, como se constata, estavam redondamente enganados.

No tocante ao conteúdo político, o resultado é até compreensível. Embora o senador da Flórida seja a última esperança que resta aos republicanos moderados, muitos de seus pontos de vista não são menos reacionários do que os de Trump – quer se trate do papel das mulheres ou da equiparação dos homossexuais, quer se trate da proibição da tortura. Não é a política que Jeb Bush defendia e pela qual era apoiado.

O fato de um político como Rubio ter que assumir o papel de esperança moderada diz muito sobre o atual estado das coisas entre os republicanos, um indicador do quanto a legenda se deslocou em direção à direita.

No entanto, isso não é culpa do senador, da mesma forma que ele não pode ser acusado do sucesso de Trump. É problema de um partido que, durante muito tempo, se alienou da realidade, que não queria aceitar quão frustrados são os seus potenciais eleitores, quão facilmente inflamáveis por grosseiras promessas de salvação e poses de machão.

O tempo urge. Trump e sua equipe estão em plena forma e não vão deixar passar a chance de reverter em mais votos essas três vitórias. É bem provável que, na "Super Terça", o candidato dê seguimento a sua campanha triunfal. E que, a partir daí, ele marche direto rumo a Washington.

Já se ouvem, entre os intelectuais liberais, as primeiras vozes que consideram publicamente se não seria melhor se registrar no Partido Republicano para assim obter influência na política nacional. Assim estão os Estados Desesperados da América após essas primárias em Nevada.

Ines Pohl
Ines Pohl Chefe da sucursal da DW em Washington.@inespohl