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Pobreza na Alemanha

20 de maio de 2009

Quase 15% das pessoas vivem na pobreza na Alemanha, ou seja, dispõem de menos de 60% da renda média nacional para viver. Resultado do recente mapeamento da pobreza no país é preocupante, opina Daniel Scheschkewitz.

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Quem observa à distância, continua vendo a Alemanha como um país rico, com cidadãos abastados que vivem em casas lindas, comem em mesas fartas e mandam seus filhos a escolas boas. Por mais que este ainda seja o caso de grande parte dos alemães, no detalhe esta é uma imagem errada.

Quem observar com atenção encontrará na Alemanha cada vez mais pessoas que catam comida das latas de lixo, passam a noite nas entradas de estações de metrô ou em bancos de praças, e para quem um emprego ou mesmo um apartamento próprio não passam de sonhos.

Hoje em dia, há tantas mães solteiras sem condições de oferecer aos filhos um mero café da manhã antes de enviá-los à escola e que não sabem como pagarão os livros escolares quanto aposentados em idade avançada que são obrigados a complementar a parca aposentadoria com trabalhos informais mal pagos. Pessoas sem plano de saúde e que não se podem dar ao luxo de pagar a consulta no dentista.

Em muitas regiões da Alemanha, a pobreza se tornou comum. Mesmo em uma cidade tão rica como Munique, uma em cada sete pessoas é considerada pobre. A tendência não é nova, mas o que preocupa é que a situação ainda vai piorar. Por serem de 2007, os dados [usados para a elaboração do recém-publicado Atlas da Pobreza na Alemanha] ainda não refletem os efeitos da crise econômica que agora atingiu completamente o país.

Estes números também assustam porque deixam transparecer uma divisão do país em regiões relativamente ricas e outras claramente mais pobres. Isso traz consigo um grande potencial de explosão social e, a médio prazo, representa uma ameaça a uma democracia de princípio federativo como a alemã.

Algumas comunidades na Alemanha já não estão em condições de arcar com os custos sociais gerados pela pobreza. O número de instituições que oferecem refeições aos pobres em certas cidades é um indício alarmante. E o que fazem os políticos? Os cínicos diriam: o governo oferece pacotes bilionários de ajuda aos bancos em dificuldades. Mas uma coisa é certa: muitos políticos já se esqueceram de um dos preceitos da Constituição, que diz que devem ser criadas condições de vida equivalentes.

A pobreza é aceita tacitamente. Trata-se de um pecado de omissão por parte do Estado, mesmo que, em escala global, a pobreza na Alemanha ainda seja vista como amena.

Autor: Daniel Scheschkewitz

Revisão: Rodrigo Abdelmalack