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Opinião: Israel prejudicou sua imagem com ataque a frota

1 de junho de 2010

Uma investigação internacional independente da ação militar contra navios de ativistas se faz necessária e deveria ser também do interesse de Israel, opina o chefe da redação árabe da Deutsche Welle, Rainer Sollich.

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Pior do que isso seria difícil: a Marinha de Israel intercepta navios que levavam mantimentos para a população necessitada na Faixa de Gaza e, durante a ação, pessoas são mortas.

Independentemente de qual lado tenha iniciado a violência: a morte de civis não é de forma alguma justificável. Por isso se faz necessário que o curso da ação militar israelense seja investigado com rigor por uma instância internacional neutra e confiável.

Isso é também do interesse de Israel, pois o país prejudicou a si mesmo com essa ação e deveria reconhecer a necessidade de limitar o estrago o mais rapidamente possível.

Uma ação militar contra ativistas internacionais com intenções humanitárias traz um enorme prejuízo à imagem do país – e isso não apenas no mundo islâmico. Também na Europa a notícia foi recebida por muitos com indignação e horror.

Claro que o presidente palestino, Mahmud Abbas, fala agora em "massacre".Claro também que o presidente iraniano Mahmud Ahmadinejad aproveita a ocasião e mais uma vez alimenta a opinião pública mundial com suas tiradas anti-israelenses. Afinal, as forças de segurança de Israel de fato deram a ele uma justificativa perfeita.

Mas não só Ahmadinejad, também outros declarados inimigos de Israel, como o Hamas e o Hisbolá, estão entre os beneficiados. Os chamados deles por "resistência" devem angariar ainda mais simpatia agora em muitos países árabes e islâmicos, inclusive na Turquia, onde o Ministério do Exterior já fala em consequências "irreparáveis" nas relações com Israel.

O Hamas, por sua vez, conclama árabes e muçulmanos em todo o mundo a sair às ruas e protestar diante de embaixadas israelenses. Esses são desenvolvimentos altamente perigosos, pois o ódio popular nas ruas sempre pode se converter rapidamente numa situação grave nessas regiões sempre tensas.

Principalmente os Estados Unidos e a União Europeia devem fazer de tudo para evitar tal agravamento da situação. A condenação da ação militar, a interrupção de manobras militares conjuntas já planejadas e o convocamento de embaixadores israelenses por vários governos europeus são um claro sinal de que, com a mortal ação militar contra civis, um limite foi ultrapassado.

Tomara que também a situação das pessoas que vivem na Faixa de Gaza ganhe maior visibilidade internacional. Contudo, não ajudaria ninguém, nem as pessoas em Gaza, colocar Israel definitivamente no banco de réus internacional.

Os argumentos de todas as partes envolvidas devem ser levados a sério. Importante é que uma investigação independente ocorra o mais rapidamente possível e que Israel seja levado a concordar com ela. Do contrário, qualquer tentativa de limitar os estragos estará desde o início condenada ao fracasso.

Autor: Rainer Sollich (as)
Revisão: Simone Lopes