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Fórum Social

(rw)26 de janeiro de 2007

Terminou em Nairóbi, no Quênia, o primeiro Fórum Social Mundial sediado inteiramente por um país africano. Já era tempo de o movimento antiglobalização finalmente reunir-se na África, opina Sandra Petersmann.

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A África é o ponto de ruptura da globalização. A maioria dos países africanos está sujeita aos ditames de programas de adaptação estrutural, da dívida externa e da ajuda ao desenvolvimento. E esta está condicionada à economia de mercado e à democracia ocidental.

A África precisa abrir seus mercados, e em contrapartida lhe roubam suas riquezas do solo e seus recursos naturais, que aquecem o crescimento econômico em outros lugares. A maioria das pessoas não tira nenhum proveito disso. A África é roubada pelo G 8, roubada pela União Européia, roubada pela emergente potência econômica China, roubada pelos próprios governos, que administram para o próprio bolso.

8 Galerie Sandra Petersmann in Afghanistan
Sandra PetersmannFoto: DW

Por isso estava mais do que na hora de o Fórum Social Mundial finalmente ser sediado só pela África. A escolha recaiu sobre o Quênia, um país em que a metade da população sobrevive com menos de dois dólares ao dia. A escolha recaiu sobre uma cidade em que 33% dos moradores são favelados.

Em Nairóbi, a comunidade de críticos à globalização aprendeu como se soletra a palavra globalização nos idiomas africanos: direito ao espaço para viver; direito à alimentação; direito à água; direito à educação. Um direito de ser ouvido e ser levado a sério.

A maioria dos participantes africanos no 7º Fórum Social Mundial quis, em primeira linha, discutir suas necessidades elementares e expor sua situação de vida aos demais. Eles quiseram finalmente falar por si, e não ficar esperando a piedade dos que falam por eles sem tê-los consultado. Tudo isto transformou Nairóbi em um Fórum Social Mundial africano.

Os principais temas de edições anteriores, como o imposto sobre especulações financeiras internacionais, acabaram sendo de segunda ordem em Nairóbi. Também não houve novos projetos revolucionários para uma política mundial de paz nem por uma economia mundial mais justa.

Mas se na era do terrorismo, em que a aldeia global ganha cada vez mais muros, dezenas de milhares de pessoas de todos os continentes e de todos os níveis de educação se encontram para trocar idéias, o fato já tem valor por si só.

Não vieram tantos participantes quanto esperados. Mesmo assim a pequena sociedade civil africana conseguiu evitar que o Fórum Social Mundial se tornasse uma torre de marfim, que negligencia assuntos fundamentais. Agora o Fórum Social Mundial tem de decidir como seguir adiante.

É cada vez mais difícil financiar o encontro de cúpula do movimento antiglobalização. O limite há muito já foi atingido. Mesmo assim seria bom se a maior plataforma aberta da sociedade civil não perdesse seu caráter de universidade mundial. Para que também no futuro uma queniana sem-terra e um sindicalista dos metalúrgicos alemães tenham oportunidade de debater as mudanças climáticas globais com um ambientalista da Índia.

A repórter Sandra Petersmann cobriu o Fórum em Nairóbi para a Deutsche Welle.