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Nova Otan

21 de novembro de 2010

Uma nova concepção estratégica e um sistema comum de defesa antimíssil: reformas aprovadas em Lisboa permitem à Otan enfrentar novos desafios. Para articulista Christoph Hasselbach, aliança militar está no rumo certo.

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A estratégia anterior da Otan era de 1999. Quando foi aprovada, a Guerra Fria já havia terminado fazia dez anos. Dessa forma, as antigas bases da aliança militar não mais subsistiam. Mesmo assim, a Organização do Tratado do Atlântico Norte manteve muita coisa dos velhos tempos. Por exemplo, um aparato civil bastante inflado e projetos nacionais dispendiosos sem integração em uma estrutura maior.

Agora está mais do que na hora de enxugar os excessos. De fato, a Otan pode aproveitar a situação de emergência de orçamentos debilitados para se livrar de peso morto, sem prejudicar sua capacidade de defesa. A princípio, é de impressionar quão pouca é a resistência ao fechamento de postos da organização. No entanto, a gritaria deverá começar assim que esse fato se concretizar.

A Otan não quer, todavia, somente economizar. Com a construção de um abrangente sistema de defesa antimíssil, seria possível não somente proteger as tropas em ação, mas também os territórios dos países-membros da Otan. Ainda não está claro até que ponto a Rússia irá participar da empreitada. Não somente a Rússia hesita; também na periferia oriental da Otan, como é o caso dos países bálticos, os governos não aceitam de bom grado a ideia de serem possivelmente dependentes de Moscou para se defender de mísseis iranianos.

Apesar disso, a defesa antimíssil é um passo estratégico importante. Como as tradicionais potências nucleares Estados Unidos e França afirmaram com razão, o sistema poderia ser, todavia, somente um complemento à intimidação nuclear.

Em um futuro próximo, a Otan não poderá abrir mão de armas nucleares. Como no caso das medidas de austeridade econômica, as primeiras lamentações deverão começar somente quando o sistema representar um custo real para os diferentes Estados-membros. Pois até agora o secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen, se referiu apenas aos custos de interconexão de sistemas já existentes, mas não aos custos totais.

De forma geral, a Otan está no rumo certo com suas reformas. No entanto, é impressionante o fato de a estratégia chegar tão tarde. Em princípio, ela compensa o atraso em relação a uma realidade existente há muito tempo e que já passa por uma nova transformação. Um exemplo é o Afeganistão, a grande prova de fogo para a nova Otan, que se engaja nas chamadas guerras assimétricas para além de seu próprio território.

A pressão da política interna na América do Norte e na Europa faz com que os países-membros da Otan aventem novamente a retirada de tropas. Para muitos países, o preço das vidas humanas e o preço material e político são altos demais. Pode ser que a nova estratégia já esteja ultrapassada no momento de sua implementação.

Porém, caso isso dê origem a um movimento geral, ou seja, caso a organização se retraia novamente para a mera defesa de seu próprio território, isso seria um grave erro. A Otan não seria mais capaz de se defender, nem hoje, nem no futuro. E como potência de ordem global, ela é necessária mais do que nunca. Caso a Otan se recuse a isso, o mundo ficará um pouco mais inseguro do que já é de qualquer forma.

Autor: Christoph Hasselbach (ca)

Revisão: Simone Lopes