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Paz em Gaza depende de solução política sustentável

Rafael Plaisant29 de julho de 2014

Sem um acordo entre Israel e Hamas que seja respaldado por garantias internacionais, todas as tentativas de trégua duradoura na região estão fadadas ao fracasso, opina Loay Mudhoon.

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Os esforços regionais e diplomáticos por um fim da escalada de violência no Oriente Médio transcorrem em intensidade máxima, nos últimos dias. Finalmente há sugestões concretas para um fim da ofensiva militar israelense na Faixa de Gaza e dos lançamentos de mísseis a partir do território palestino.

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Loay Mudhoon, da redação árabe da DWFoto: DW

A ofensiva militar de Israel já se transformou numa guerra de fato contra a população civil palestina. Isso fica óbvio quando se examina o número das vítimas: quase dois terços dos mais de mil mortos são mulheres e crianças inocentes.

Naturalmente Israel tem direito de se defender contra os bombardeios da organização radical Hamas. Até por que esses projéteis, não direcionados e tecnologicamente primitivos, não visam alvos militares, mas sim atingir a população israelense. Lançar mísseis sobre civis é sempre um crime que deve ser punido.

No entanto, as reações de Israel devem ser proporcionais e em consonância com as normas do direito internacional. É difícil sustentar que este seja o caso, quando o Exército ataca residências, hospitais e até escolas das Nações Unidas. Também em retrospectiva, as aparentemente intermináveis ofensivas militares contra as milícias armadas do Hamas não trouxeram segurança aos cidadãos israelenses.

O fim da violência deve, sem sombra de dúvida, ser a meta primordial de todos os esforços diplomáticos. Ainda assim, desta vez um simples cessar-fogo não bastará para encerrar a violência e evitar futuras confrontações.

Em vez disso, é preciso trabalhar no sentido do retorno a um processo político sustentável. Diante das frentes endurecidas, no momento isso parece difícil de imaginar, porém é a única possibilidade real de uma ação para além da guerra. Ou seja: Israel, Egito e os negociadores internacionais devem preparar um pacote por uma trégua duradoura.

Nesse pacote, é preciso levar-se a sério as reivindicações do Hamas, sobretudo pelo fim do bloqueio a Gaza por Israel e o Egito, assim como por uma perspectiva econômica e política para os habitantes da região.

Para a liderança do Hamas, está fora de cogitação uma volta ao status quo anterior, pois a vida em isolamento total, na empobrecida faixa costeira, seria o equivalente a uma morte parcelada. Atualmente essas exigências contam com o apoio de todos os palestinos e de seu presidente, Mahmud Abbas.

No momento, as condições para um cessar-fogo permanente impostas por Israel e pelo Hamas ainda divergem fortemente entre si, e ambos parecem querer prosseguir combatendo. No entanto, será inevitável adotar-se uma versão modificada dos planos do secretário de Estado americano, John Kerry.

Essa versão, além de prever uma suspensão imediata de todas as ações violentas e um retorno à trégua acordada em novembro de 2012, deve conter também garantias internacionais dos Estados Unidos e da União Europeia de que os acertos serão realmente cumpridos.

Sem essa perspectiva política, todas as tentativas de fazer cessar a violência estão fadadas ou a cair no vazio ou a ser de curta duração.