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Opinião: Hillary expôs as bravatas de Trump

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Michael Knigge
3 de junho de 2016

Ao enfim expor falsidade, ignorância e arrogância da política externa do magnata, candidata democrata deixou claro por que ele não está apto para ser presidente dos EUA, opina o jornalista Michael Knigge.

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Michael Knigge é jornalista da redação inglesa da DW e especialista em política americana
Michael Knigge é jornalista da redação inglesa da DW e especialista em política americana

Não é preciso ser fã de Hillary Clinton para apreciar o discurso que ela fez nesta quinta-feira (02/06), na Califórnia, sobre política externa e segurança nacional. Ela abordou o que Donald Trump tentou vender como uma política externa coerente, e desmistificou, ponto a ponto, uma mistura nociva de bravatas, mentiras e insultos.

Ainda mais importante: ao expor as constantes falsidades, a orgulhosa ignorância e arrogância perigosa de Trump em praticamente todas as questões de relações internacionais, Hillary enfatizou por que o republicano não está apto para ser presidente dos EUA.

Certamente, nada do que Hillary disse sobre Trump e sua visão de mundo é novo. As posições perniciosas dele sobre questões globais como imigração, terrorismo, islamismo, Otan, proliferação de armas nucleares e Rússia têm sido amplamente documentadas e condenadas por observadores tanto dentro quanto fora dos EUA.

Por isso não é difícil confrontar sua aptidão para se tornar presidente. Um olhar mais atento às manifestações públicas e comportamento de Trump já deveria ser suficiente.

Infelizmente, porém, seus rivais republicanos nas primárias, por diferentes razões, foram todos incapazes ou não quiseram tomar uma posição séria contra Trump – até que, num determinado momento, se tornou tarde demais.

Como se para destacar o estado deplorável do Partido Republicano, o endosso de Trump pelo presidente da Câmara dos Representantes dos EUA, Paul Ryan – que o vinha criticando e era considerado uma alternativa de última hora para a indicação – foi usado no discurso de Hillary.

Com o Partido Republicano totalmente capturado por Trump, é por isso que compete agora a Hillary expor e desafiar a visão nativista e autoritária dele para os EUA que não só coloca em perigo o país, mas todo o mundo. O discurso de Hillary na Califórnia foi seu primeiro esforço sério para fazer exatamente isso.

Não foi uma política ou um discurso estratégico. Também não foi um discurso grande ou memorável. Foi um discurso de campanha que tinha a pretensão de atingir diretamente Trump. Mas ele chegou com um longo atraso. E os rivais republicanos de Trump podem atestar que, em política, como na escola, é preciso ter coragem para enfrentar o valentão grande e mau.

Hillary merece crédito por ter feito isso de forma tão convincente. E esta não será, provavelmente, a última vez.

Michael Knigge é jornalista da redação inglesa da DW e especialista em política americana.