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Prioridade à segurança

1 de dezembro de 2008

A escolha de Hillary Clinton para o cargo de secretária de Estado e de Robert Gates para a Secretaria da Defesa demonstra que Obama aposta na experiência em questões de política de segurança, opina Daniel Scheschkewitz.

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"Safety first" – segurança em primeiro lugar, diz um conhecido ditado anglo-saxônico. O futuro presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, dá sinais de querer orientar-se por ele.

Daniel Scheschkewitz
Daniel Scheschkewitz

Suas escolhas para a Secretaria de Estado e a Secretaria da Defesa [a senadora Hillary Clinton e o atual secretário de Defesa, Robert Gates, respectivamente], e para o cargo de conselheiro de Segurança Nacional [o ex-comandante da Otan James Jones] são prova de uma política de segurança inteligente, que se baseia na competência e se orienta pelo consenso.

É uma política de segurança que se desembaraça do legado da era Bush, mas que continua atribuindo à segurança nacional a prioridade que lhe cabe. Dificilmente Obama teria conseguido encontrar uma candidata mais convincente que Hillary Clinton para o cargo de secretária de Estado. A senadora de Nova York adquiriu bastante experiência como primeira-dama e ampliou essa competência nos últimos anos como membro da Comissão de Defesa do Senado norte-americano.

O conflito no Iraque, a disputa com o Irã por causa de seu programa nuclear, a ameaça representada pelo terrorismo internacional – os desafios dos próximos anos – são temas com os quais ela tem familiaridade. Suas habilidades intelectuais devem qualificá-la o bastante para exercer o segundo mais importante cargo no país com a sensibilidade necessária para que os aliados dos EUA se sintam novamente levados a sério como parceiros e não apenas como irmãos em armas.

Sua nomeação põe também um ponto final na antiga rivalidade com seu opositor durante as primárias dos democratas, sendo assim um sinal de que o futuro presidente tem domínio da situação. O interessante é que Hillary Clinton – assim como Gates – foi uma defensora da guerra no Iraque. Gates, que é respeitado nos dois lados do espectro político, assumiu o cargo de seu antecessor, Donald Rumsfeld, dois anos atrás. Desde então, ele conseguiu tornar a situação mais estável graças a ajustes na estratégia.

Gates é um homem que defende uma retirada ordenada. Obama também parece apostar nisso agora. Qualquer outra coisa poderia transformar-se facilmente num desastre da política de segurança, fazendo do Iraque um novo campo de ação para a Al Qaeda.

O ex-comandante da Otan James Jones também é um velho conhecido. Ele é um dos mais veementes críticos do modo como os EUA vêm conduzindo a guerra no Afeganistão sob o presidente Bush. Como conselheiro de Segurança Nacional, ele tem competência militar suficiente para reconhecer que o conflito lá não pode ser solucionado apenas com meios militares.

Com esse trio cuidando da segurança nacional, Obama fica liberado para dedicar-se aos urgentes problemas internos dos EUA. A crise financeira, a recessão emergente e um recomeço na política ambiental exigem toda sua habilidade. Por isso é conveniente que a política externa e de segurança esteja em mãos experientes. Assim sendo, colocar a segurança em primeiro lugar é uma estratégia inteligente. (lk)

Daniel Scheschkewitz é o chefe de reportagem da Deutsche Welle e foi durante anos correspondente em Washington.