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Rússia 2018

3 de dezembro de 2010

A corrupção é disseminada na Rússia e o país não é um Estado de Direito democrático. Mesmo assim, a decisão da Fifa deve ser elogiada, opina o chefe da redação russa da Deutsche Welle, Ingo Mannteufel.

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A Copa do Mundo de 2018 acontecerá na Rússia. A escolha do país como sede do evento é o coroamento de uma estratégia seguida à risca. Por meio da candidatura do país a sede de importantes eventos esportivos internacionais, os líderes do governo russo – especialmente o poderoso primeiro-ministro Vladimir Putin – querem melhorar a imagem da Rússia no mundo.

Em 2007, Putin havia conseguido que os Jogos Olímpicos de Inverno de 2014 sejam realizados em Sóchi, na costa russa do Mar Negro. Há algumas semanas ele selou um acordo para que, a partir de 2014, seja realizado um GP de Fórmula 1 naquela cidade. E agora veio a decisão sobre a Copa de 2018.

Mas os esforços do premiê russo, que não poupa recursos para melhorar a imagem de seu país no exterior, devem ser vistos de forma crítica. A Rússia criada por ele está longe de ser um Estado de Direito democrático. E há com razão o risco de que muitos dos recursos disponíveis para esses megaprojetos esportivos se percam em estruturas corruptas da administração pública e de empresas.

Afinal, 13 dos 16 estádios previstos precisam ser construídos ou totalmente reformados. A isso se somam enormes esforços para melhorar a infraestrutura turística, para acomodar milhares de torcedores e dominar a logística necessária para vencer as enormes distâncias entre os estádios. Outra questão em aberto é o respeito ao meio ambiente. A experiência na construção das instalações em Sóchi não cria apenas boas expectativas.

Mesmo assim é louvável a decisão da Fifa de pela primeira vez realizar uma Copa do Mundo de Futebol no Leste Europeu, pois a Copa é uma grande festa dos amantes do esporte na "aldeia global". Mais do que a possibilidade de encontros e intercâmbios, ela força o contato entre visitantes e anfitriões.

Na próxima década, centenas de milhares de torcedores visitarão o leste da Europa, e especialmente a Rússia, para descobrir esta parte do continente europeu: em 2012 os caminhos levam à Eurocopa na Ucrânia e na Polônia; em 2014, aos Jogos Olímpicos de Inverno em Sóchi; e em 2018, ao Mundial de Futebol em 13 cidades russas, cujos nomes a maioria dos europeus nunca ouviu – ou alguém na Europa Ocidental conhece Saransk e Yaroslavl?

Com isso as lideranças russas se verão pressionadas a realmente europeizar e modernizar a Rússia, se quiserem que os visitantes levem consigo uma imagem positiva do país.

A organização de uma Copa do Mundo de Futebol só é positiva para a imagem de um país no momento em que ela é concedida. Para não perder a credibilidade diante dos milhares de turistas de todo o mundo, o mais tardar no momento do apito inicial é necessário que a realidade esteja de acordo com a imagem até então propagada. Nos próximos anos, a Rússia terá de mudar mais do que Putin e sua elite no poder talvez gostariam. E isso é bom. Parabéns, Rússia!

Autor: Ingo Mannteufel
Revisão: Alexandre Schossler