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Acordo é chance histórica em conflito nuclear com o Irã

Jamsheed Faroughi (av)20 de janeiro de 2014

Teerã e comunidade internacional não devem desperdiçar oportunidade de dissolver sequelas de política irracional. Intransigência de ambos os lados ainda representa obstáculo, opina Jamsheed Faroughi.

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Agora a coisa é séria: a partir desta segunda-feira (20/01) passa a ser aplicado concretamente o histórico acordo provisório para o fim do conflito nuclear com o Irã. O governo nacional, a União Europeia e os Estados Unidos deram seu sinal verde. Teerã mantém, assim, seu novo curso na política atômica e demonstra disposição ao consenso, após anos de tática de procrastinação e negociações estagnadas com o Ocidente.

Deutsche Welle Persische Redaktion Jamsheed Faroughi
Jamsheed Faroughi, da redação persa da DWFoto: DW/P. Henriksen

São os seguintes os pontos centrais do acordo interino: o Irã vai suspender o enriquecimento do urânio a 20%; transformar em bastões radioativos o material já enriquecido a 20%; e não construir novas centrífugas. Em contrapartida, será suspensa parte das sanções contra o país – por exemplo, nos setores bancário e de seguros e na aviação civil – e serão liberados parceladamente rendimentos com venda de petróleo no valor total de 4,2 bilhões de dólares. A primeira parcela, de 550 milhões de dólares, deve ser paga no início de fevereiro.

O que esse acordo representa para os EUA, Teerã e a comunidade internacional? Para Washington, é um passo para a solução pacífica do conflito nuclear com o país persa –o presidente Barack Obama terá a chance histórica de evitar uma guerra iminente com o Irã. Para a comunidade internacional, é uma pausa para respirar, numa das mais perigosas e instáveis regiões de conflito do mundo. Para os governantes iranianos, por último, a renúncia a uma política nuclear – a rigor, sem sentido – representa o retorno à comunidade internacional e um melhor "seguro de vida" político.

Entretanto há resistências significativas de ambos os lados. Sem o aval do líder religioso iraniano aiatolá Ali Khamenei, um acordo com o Ocidente é certamente impensável. Contudo, há muito os ultraconservadores do Irã deixaram de falar uma linguagem comum.

Certas facções do Exército de Guardiães da Revolução Islâmica defendem que se mantenha a política de confrontação em relação ao Ocidente. Para alguns de seus oficiais de alta patente, a política nuclear de Mahmud Ahmadinejad foi altamente lucrativa, aumentando a influência política da Guarda Revolucionária. Esse grupo de interesse não aceitará tacitamente e sem resistência o novo rumo na política nuclear.

Também nos Estados Unidos nem todos estão satisfeitos com o acordo. Dos 100 senadores em Washington, 59 se pronunciaram por um endurecimento das sanções. No entanto, a imposição de novas medidas punitivas contra o Irã poderá pôr a perder todas as conquistas alcançadas – o governo iraniano já advertiu a respeito.

Este acordo provisório é apenas o começo. Para uma estratégia de longo prazo bem sucedida, é preciso que todas as partes avaliem a situação de forma realista, é também ponderação quanto aos futuros passos e muita paciência. Miopia política e decisões precipitadas, por outro lado, são contraproducentes. É preciso não ceder à pressão dos linhas-duras e lobistas. Não há espaço para ainda mais erros no Oriente Médio.