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Obama promete que Merkel não será mais espionada

19 de janeiro de 2014

Em entrevista à emissora alemã ZDF, presidente americano afirma que não pretende prejudicar as boas relações com países aliados por causa de espionagem.

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Foto: picture-alliance/dpa

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, afirmou à emissora alemã de televisão ZDF que não vai permitir que a vigilância ostensiva de canais de comunicação, praticada pelo serviço americano de inteligência, atrapalhe as relações dos EUA com países aliados, como a Alemanha.

A declaração, feita durante uma rara entrevista exclusiva concedida à emissora alemã e que foi ao ar na noite deste sábado (18/01). Trata-se aparentemente de uma tentativa de diminuir os constrangimentos que abalaram as relações diplomáticas entre americanos e alemães após denúncias de que a Agência de Segurança Nacional (NSA) teria espionado o celular da chanceler federal Angela Merkel.

"Não quero e não preciso prejudicar essa relação por mecanismos de vigilância que, de alguma maneira, impediriam o tipo de comunicação e confiança que temos. Enquanto eu for presidente dos Estados Unidos, a chanceler federal alemã não precisa se preocupar com isso", prometeu Obama em entrevista ao jornalista Claus Kleber.

Para o presidente, é normal que mesmo parceiros próximos não compartilhem sempre do mesmo ponto de vista, embora isso não seja "motivo para espionar" comunicações particulares. Obama ainda garantiu que irá frear a espionagem sobre outros líderes aliados e estender aos cidadãos estrangeiros medidas de proteção da privacidade.

A declaração tem um especial efeito entre os alemães por causa das ainda recentes e terríveis lembranças dos tempos de vigilância ostensiva praticada pelos nazistas e, posteriormente, pelos comunistas da Alemanha Oriental. Celulares e e-mails de cidadãos de vários países, assim como os de chefes de Estado, foram grampeados pela NSA, segundo documentos descobertos pelo ex-agente de segurança Edward Snowden no ano passado. A presidente brasileira, Dilma Rousseff, também está entre os líderes que tiveram celulares grampeados.

Umaproposta de resolução apresentada pelo Brasil e pela Alemanha contra a espionagem em massa dos cidadãos foi aprovada pela ONU no ano passado. O texto reafirma o direito à proteção da privacidade na era digital.

Celular de Angela Merkel foi grampeado pela NSA
Foto: Reuters/Fabrizio Bensch

Acordo de não espionagem

Desde o estouro do escândalo, Berlim vem pressionando Washington a assinar um acordo de "não espionagem". Na quinta-feira passada, o porta-voz da União Democrata Cristã (CDU) para política internacional, Philipp Missfelder, havia afirmado que as revelações sobre espionagem americana na Alemanha levaram as relações entre os dois países ao patamar "mais baixo" na última década.

Durante a entrevista de 16 minutos, Obama reconhece a fúria dos alemães e de outros países após as notícias sobre a espionagem. O presidente acrescentou que ainda levará um tempo até que a confiança seja restabelecida. Ele reafirmou, porém, a importância do serviço prestado pela vigilância americana para garantir a segurança nacional e a de seus aliados – incluindo a da própria Alemanha.

Reformas na NSA

A entrevista foi ao ar um dia depois de Obama ter anunciado novos limites para o acesso do serviço americano de inteligência às comunicações de centenas de milhões de americanos, abrindo caminho ainda para uma eventual retirada do banco de dados das mãos do governo.

O entrevistador Kleber disse ao presidente que a reação inicial dos cidadãos na Alemanha diante de seu discurso da sexta-feira havia sido de "ceticismo, cautela e, no caso de muitos, até mesmo de decepção", incluindo aqueles que de modo geral mantêm uma postura favorável aos EUA.

O porta-voz do governo alemão, Steffen Seibert, afirmou que Berlim deverá esperar para ver o que vai acontecer de agora em diante antes de fazer qualquer julgamento final sobre as reformas no serviço de inteligência americano. "O governo continua esperando que a lei alemã seja respeitada no território alemão, particularmente por parte de um aliado tão próximo", afirmou Seibert.

MSB/ap/dpa/afp