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O povoado turco no bairro alemão

(am)7 de novembro de 2002

Entre muitos imigrantes da região mediterrânea ou do Oriente, a família tem um papel inteiramente distinto ao que ela exerce na sociedade alemã.

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As empresas familiares dos imigrantes têm êxito quase certoFoto: AP

Na Alemanha, vivem hoje mais de cinco milhões de pessoas provenientes de países orientais ou da região do Mediterrâneo. Grande parte destas pessoas nasceu na Alemanha; são descendentes em até terceira geração dos primeiros imigrantes. Apesar de viverem há várias décadas na Alemanha, muitos estrangeiros procuram manter e cultivar a forma de vida dos seus países de origem. Nisto se destaca, sobretudo, os estreitos laços familiares até mesmo num grau distante de parentesco. Ao contrário do que ocorre entre os alemães.

A família dá aos imigrantes um sentimento de união, de força, de coesão. A maioria dos jovens continua, por isto, vivendo na casa dos pais até o casamento – independente da idade. Entre os alemães, as moças e os rapazes buscam em geral uma moradia própria, sejam casados ou não, tão logo tenham condição de arcar com as despesas de aluguel.

Identidade pessoal

Segundo Lale Akgün, a mais nova deputada alemã de origem turca e especialista em questões familiares, as pessoas estão mais presas ao grupo entre os imigrantes orientais. Elas não têm um caráter muito individualista e estão mais comprometidas com direitos e deveres no âmbito do grupo. Nos países orientais e do Mediterrâneo, a família está intimamente ligada à identidade pessoal e ao sentimento de auto-estima.

Na cultura alemã, ao contrário, o "eu" é que determina a identidade pessoal. A dependência da família é sentida como uma sobrecarga. O que muitos jovens alemães mais almejam é a hora de sair da casa paterna e construir a sua vida própria.

Elvi, uma jovem grega de 20 anos, admira-se com a forma como os alemães se relacionam com seus familiares: "Há muita distância. Eles só se reúnem uma ou outra vez no ano, por exemplo, quando a avó faz setenta anos ou coisa semelhante. Mas não acontece grande coisa. Acho uma pena, pois eles praticamente não se conhecem entre si."

Empresas familiares

Para os imigrantes do Oriente ou da região mediterrânea, todas as ações e reações ocorrem no seio da família e com o seu apoio. Qualquer atitude tomada por um membro da família é uma atitude que diz respeito a todos os familiares. Parte-se do pressuposto, neste caso, que toda pessoa age no sentido de proteger e beneficiar todo o grupo, dando prioridade às necessidades da família e deixando de lado as ambições e desejos pessoais.

Esta é uma das principais razões para o êxito das empresas de imigrantes gregos, turcos, marroquinos ou italianos na Alemanha – em geral, no setor da gastronomia ou do comércio de gêneros alimentícios. São, invariavelmente, empresas familiares. E cada um dos membros da família tem de contribuir para o seu bom funcionamento.

Os estreitos laços familiares fazem com que os parentes busquem manter a proximidade também quando emigram. Assim, existem exemplos de bairros residenciais na Alemanha, nos quais a maioria dos moradores é proveniente de um mesmo povoado ou cidade da Turquia, da Grécia ou de um outro país de emigrantes.