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O poder da telinha sobre o eleitor

Markus Klein (sv)29 de agosto de 2005

O sociólogo Markus Klein analisa o papel dos debates televisivos para a decisão do eleitor, explica por que Schröder insistiu na realização de dois encontros com Merkel e relembra detalhes das eleições de 2002.

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Merkel e Schröder: concorrência na performance frente às câmerasFoto: AP

Nas últimas eleições alemãs, no ano de 2002, foram realizados os primeiros debates entre os candidatos emitidos pela TV na história do país. O encontro, que os alemães vêem com extrema importância e chegam a chamar de "duelo", mobilizou 15 milhões de espectadores à frente da telinha.

O argumento usado para dar início à tradição de debates televisivos no país foi o de que eleitores pouco informados, que não têm acesso à mídia impressa, poderiam, desta forma, formar uma impressão de cada candidato pouco antes das eleições. Como conseqüência disso, os debates poderiam até mesmo levar um número maior de eleitores às urnas, uma vez que o voto na Alemanha é facultativo.

Isso sem contar que os candidatos seriam obrigados a definir abertamente seus programas de governo, possibilitando ao eleitor avaliar os dois lados, confortavelmente sentado na poltrona de casa. Ou seja, já se partia do princípio de que a realização dos debates poderia exercer uma importância decisiva para o resultado das eleições.

Enquetes com novo perfil

A questão que surgiu em seguida foi saber quais efeitos os debates causariam realmente no eleitorado. Para isso, foram realizadas enquetes imediatamente após os "duelos", para que os eleitores não fossem posteriormente influenciados pelas opiniões divulgadas pela mídia.

E os espectadores escolhidos para participar da pesquisa não deveriam, tampouco, assistir aos programas analíticos que se seguiam aos debates.

"Vitória" de Schröder em 2002

Zweites Duell zwischen Kanzler und Herausforderer
Schröder (dir.) e Stoiber (esq.), no debate de 2002Foto: AP

Os principais resultados dessa pesquisa mostram que o contigente de pessoas que assitiu ao debate participou em maior número das eleições do que aqueles cidadãos que não se interessaram em acompanhar o "duelo" pela TV. Nas eleições de 2002, o atual premiê Gerhard Schröder, que disputava o pleito com o social-cristão Edmund Stoiber, foi considerado vitorioso pela maioria dos espectadores.

No primeiro dos dois debates realizados, 33% viram uma vantagem para Schröder. No segundo encontro, o atual chanceler federal alcançou 57% na corrida pela melhor performance frente às câmeras, contra meros 15% de seu adversário de então. E o fato de Schröder ter se saído melhor, na opinião dos participantes da enquete, influenciou decisivamente a intenção dos eleitores em votar em seu partido.

Segundo mais importante que primeiro

Outro detalhe interessante é que o segundo debate realizado entre os candidatos provocou efeitos ainda mais acentuados no eleitorado. Especialistas creditam isso a uma maior proximidade da data das eleições, quando da realização desse segundo encontro. Neste contexto, é fácil compreender por que o chanceler federal tentou convencer a atual candidata da oposição, Angela Merkel, a participar de dois encontros emitidos pela TV.

Assessores e marqueteiros vêem numa maior fluência de Schröder frente às câmeras uma possível vantagem do premiê em relação a Merkel. O que poderia ser ainda mais acentuado num segundo encontro.

Markus Klein trabalha no Arquivo Central de Pesquisa Social Empírica da Universidade de Colônia.