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O mercado de ações é indiferente às urnas

(sm)11 de setembro de 2002

O resultado das eleições parlamentares de 22 de setembro dificilmente influenciará o mercado financeiro na Alemanha.

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Stoiber e Schröder praticamente empatados nas enquetes: suspense não impressiona mercado de açõesFoto: AP

"Ações-Schröder" e "ações-Stoiber": num período pré-eleitoral em que os principais canditatos estão praticamente empatados nas pesquisas, propagam-se especulações sobre as vantagens e desvantagens que determinados setores poderiam ter com uma possível mudança de governo. No entanto, a história recente da Bolsa de Valores na Alemanha demonstra que resultados eleitorais não têm um impacto duradouro sobre o mercado de ações.

Dependência global

– Nesta eleição, a influência das eleições parlamentares sobre o mercado financeiro deve ser ainda menor do que em ocasiões anteriores. Isso é o que avalia o professor de Finanças Wolfgang Gerke, da Universidade de Erlangen, em entrevista ao Financial Times Deutschland.

Em primeiro lugar, não há divergências muito drásticas entre os programas de política econômica dos dois principais candidatos – chanceler federal Gerhard Schröder, do Partido Social-Democrata, e Edmund Stoiber, da União Social Cristã. Gerke também destaca que a margem de atuação das políticas econômicas nacionais dentro da UE é cada vez menor, diante da necessidade de cumprir os compromissos assumidos no pacto de estabilidade da moeda européia. Por fim, o resultado das eleições de 22 de setembro não poderá ocasionar mudanças conjunturais, que dependem sobretudo dos Estados Unidos.

Previsões equivocadas

– As eleições parlamentares de 1998, que marcaram o fim da era Kohl e levaram ao poder a coalizão de centro-esquerda de Schröder, mostraram que as previsões pré-eleitorais não tinham fundamento. Antes das eleições de 1998, a maioria dos observadores do mercado financeiro partia do seguinte consenso: se a coalizão conservadora de democratas-cristãos e liberais se mantivesse no poder, quem sairia ganhando seria a indústria química, a automobilística e o setor energético. Diante da possibilidade de um governo social-democrata e verde e a perspectiva de se suspender a médio prazo a produção de energia nuclear no país, previa-se uma crise no setor energético.

Schröder surpreendeu

– Apesar da vitória dos social-democratas e da coalizão com os verdes, o setor energético não entrou em colapso. Quanto aos setores de consumo, construção e energia de fontes renováveis, que tirariam maior proveito de um governo de centro-esquerda, de acordo com as previsões, as ações tiveram em parte altas consideráveis, mas muitas empresas também foram à falência.

Por outro lado, previa-se que empresas como a seguradora Allianz, o Deutsche Bank e a Daimler-Benz (posteriormente fusionada com a Chrysler) teriam mais vantagens com a continuidade da coalizão conservadora. Após a mudança de governo, no entanto, a Daimler e todo o setor financeiro tiraram grande proveito da decisão governamental de isentar de impostos a venda de participações em sociedades de capital aberto.

Não importa o chanceler

– Fatores globais e específicos dos setores exercem uma influência muito mais decisiva sobre o mercado financeiro do que resultados eleitorais. Na avaliação de Wolfgang Gerke, independente de quem seja o próximo chanceler federal alemão, as principais tarefas continuam sendo as mesmas: conseguir manter o pacto de estabilidade do euro, que limita o déficit orçamentário a 3% do PIB, e combater o desemprego, cujo índice chegou a 9,6% em agosto.