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O mais jovem presidente da história da França

Carsten Grün md
7 de maio de 2017

Candidato de 39 anos conseguiu triunfar num meio político marcado por personalidades desinteressantes. Ele chega ao Eliseu com discurso direto e claro: sem a Europa, não há solução para a França avançar.

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Präsidentschaftswahl in Frankreich Emmanuel Macron
Macron durante a campanha eleitoral: apoio de diferentes grupos políticosFoto: Getty Images/V. Isore/IP3

Na verdade, Emmanuel Macron é um filósofo. Pelo menos a julgar pela primeira faculdade que cursou. Ele escreveu sobre Maquiavel e Hegel. O que na Alemanha muitas vezes termina em uma carreira como motorista de táxi, na França pode muito bem qualificar para a entrada, após passagens por outras universidades de elite, em um alto escalão no governo e na economia.

Pois o filho de um casal de médicos de Amiens, no norte da França, também visitou a elitista Escola Nacional de Administração (ENA), em Estrasburgo. "Ele é um produto dessas elites francesas e teve uma formação completa. Ele vem da classe média educada e representa aquilo que Marine Le Pen faz sua campanha contra", diz Stefan Seidendorf, vice-diretor do Instituto Franco-Alemão.

Mas ao contrário de muitos dos antecessores proeminentes, Macron passou, após um curto período como diretor financeiro na administração pública, para o banco de investimento privado Rothschild, em Paris. Lá, ele acompanhou um dos maiores acordos de investimento entre o conglomerado alimentício suíço Nestlé e a gigante farmacêutica americana Pfizer no valor de nove bilhões de euros.

Seu talento como administrador e seu conhecimento sobre questões econômicas o levaram em 2012 a se tornar assessor do presidente François Hollande, que o nomeou ministro da Economia em 2014.

Desagradando a amigos

Macron às vezes também consegue desagradar aos próprios aliados, como quando contrariou os sindicatos, ou no caso de um escândalo sobre impostos que causou sua rejeição momentânea entre a população. Suas brigas constantes com o primeiro-ministro Manuel Valls quase causaram sua demissão por Hollande. Mas Macron foi mais rápido e, em 2016, anunciou sua renúncia e a criação do movimento "En Marche".

Macron tem apoio de diferentes grupos políticos. O cientista político francês Alfred Grosser declarou recentemente seu apoio ao político de 39 anos, além de vários membros da velha esquerda e do verde Daniel Cohn-Bendit.

Ele tenta algo completamente novo. Fundou um novo partido e conseguiu a adesão de cerca de 190 mil dentro de poucos meses. É tido como um candidato para transmitir esperança e o único que diz tão radical e claramente aos franceses que sem a Europa a França não tem solução.

"Ele consegue criar fluxos de entusiasmo, mobilizar em prol do projeto europeu, algo que há muito tempo não ocorria na França", lembrou Cohn-Bendit recentemente durante uma entrevista a uma rádio alemã.

Macron é, de fato, um europeu convicto. "Precisamos encontrar a resposta europeia relevante diante de todos os desafios, porque só a nível europeu conseguiremos resolver estes problemas. A tarefa da França e da Alemanha é fazer tudo para aprofundar a integração europeia nas áreas de finanças e economia, de defesa e segurança e na política de refugiados", afirmou o francês em uma entrevista ao jornal alemão Die Welt no ano passado.

Apoio a Merkel

Ele também não poupa críticas ao presidente dos EUA, Donald Trump, como quando disse que a política americana anti-imigrantes e de meio ambiente é um erro. Ele quer cortar 60 milhões de euros de gastos públicos e eliminar 120 mil postos de trabalho nesta área. No entanto, planeja investir 50 bilhões de euros em programas de financiamento, como para projetos ambientais, por exemplo.

Entre outras coisas, o presidente eleito promete flexibilizar a semana de 35 horas de trabalho. Além disso, quer que o seguro desemprego seja disponibilizado para outros grupos profissionais, ao mesmo tempo em que propõe uma maior pressão sobre os desempregados, para que eles aceitem os empregos encaminhados pelas agências do governo. A taxação das empresas deve ser reduzida dos atuais 33,3% para 25%. A polícia e o Exército devem ser reforçados.

O ex-banqueiro é um humanista. Certa vez, ele cunhou a frase "refugiados são pessoas resistentes e inovadoras". Ele elogiou com firmeza a política migratória de Angela Merkel, afirmando que ela "salvou a honra da Europa".

No meio político francês, marcado por personalidades relativamente desinteressantes, o jovem político é uma espécie de figura exótica. Ele é casado com uma ex-professora, que é 24 anos mais velha e já é avó. Ela ás vezes ajuda Macron a escrever seus discursos.

"Felizmente, eu nunca paguei algo a ela por isso", brincou Macron recentemente, soltando, assim, uma farpa contra seu rival conservador nas eleições, François Fillon.

Como resume Stefan Seidendorf, do Instituto Franco-Alemão em Ludwigsburg, Macron tem senso de política, traz propostas realistas, é um europeu de coração e sabe governar. "Para Macron, Alemanha e França são a espinha dorsal da UE", diz.