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O euro é um sucesso

13 de dezembro de 2002

O primeiro ano do euro foi um sucesso e, mais cedo ou mais tarde, Grã-Bretanha, Suécia e Dinamarca vão adotar a moeda, disse o presidente do Banco Central Europeu, Wim Duisenberg, em entrevista à DW.

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Wim Duisenberg: Alemanha precisa flexibilizar o mercado de trabalhoFoto: AP

A circulação do euro não deve se limitar aos 15 membros atuais da União Européia. Duisenberg quer que essas perspectivas sejam abertas também para os novos membros, dentro de alguns anos. Ele exigiu o cumprimentos dos critérios de estabilidade por todos os países da zona do euro e, a propósito de pressões para um afrouxamento, disse que "não se muda as regras no meio do jogo".

Para Duisenberg, o euro não completará só um ano, no primeiro dia de 2003, mas cinco anos, porque ele já existe esse tempo todo como mecanismo de câmbio dos 12 países participantes da União Monetária Européia. A circulação do euro como moeda corrente, em primeiro de janeiro de 2002, foi esperada com grande expectativa. O Banco Central Europeu (BCE) contava com dificuldades, que não se confirmaram, no que se refere à impressão, distribuição e introdução da moeda comum européia.

"Quando começamos, nós tínhamos muitos cenários prontos para o caso de dar algo errado na introdução do euro. Nós só não preparamos um cenário para o caso de tudo correr melhor do que nós mesmos tínhamos imaginado".

Caminho aberto para todos

O holandês não tem dúvida de que a moeda comum européia é um sucesso e está convencido de que também a Grã-Bretanha, Dinamarca e Suécia, que inicialmente rejeitaram a moeda, ingressem mais cedo ou mais tarde na zona do euro. O caminho está aberto também para os dez países que deverão estar integrados na UE em 2004, segundo Duisenberg:

"Primeiro, eles se tornarão membros da UE. Mais tarde, serão obrigados a adotar o mecanismo monetário e terem um câmbio tão firme, mas ajustável, que possamos chamar de segundo mecanismo de câmbio. Mas isso pode durar de dois a quatro anos. E então, depois que isso tiver durado no mínimo dois anos, os novos membros terão de atender os critérios de convergência do euro como sua moeda e também assumir a sua posição de co-responsáveis pela moeda comum européia"

E co-responsabilidade significa para esses países, entre outras coisas, não expor suas respectivas economias a pressão de adaptação que elas não possam suportar. "Também não é do interesse deles adotar o euro rápido demais", ponderou o presidente o BCE.

Alemanha tem que se adaptar

Na entrevista à Deutsche Welle, Duisenberg lamentou que a Alemanha não esteja mais no papel de locomotiva econômica na Europa. Em parte, ele atribuiu esse fato ao enorme peso da reunificação do país sobre a economia nacional, mas cobrou reformas de Berlim: "Todos os países europeus precisam de flexibilização no mercado de trabalho, mas principalmente a Alemanha. Ela tem que se adaptar, em seu próprio interesse".

Como outros Estados europeus, a Alemanha perdeu a oportunidade de equilibrar seu orçamento, durante anos de boa conjuntura econômica. E agora, com um novo endividamento que elevou o déficit orçamentário a mais de 3% do Produto Interno Bruto (PIB), não faz sentido exigir um afrouxamento nos critérios de estabilidade do euro.

Não se muda regras no meio do jogo

"Oito dos 12 países já atingiram as metas do pacote de estabilidade. Só a Alemanha, França e Portugal não conseguiram. E agora é tarde para alterações. Não se muda as regras no meio do jogo", descartou Duisenberg.

O presidente do BCE não vê perigos para o euro na ameaça de guerra dos Estados Unidos contra o Iraque: "Isso pode ter influência principalmente sobre os preços do petróleo e, se durar pouco tempo, não será motivo de grandes preocupações. Mas se durar muito, teremos de reagir talvez também na política monetária".

Wim Duisenber, também chamado de "Mister Euro", deixará a presidência do Banco Central Europeu em meados de 2003. Ele não citou nome para sucedê-lo e, em tom jocoso, disse o melhor seria um clone dele mesmo.