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O Brasil na imprensa alemã

1 de março de 2017

Desfile das escolas de samba no Carnaval carioca e venda de siderúrgica da ThyssenKrupp no Rio, cuja construção é chamada de "o pior investimento da história da indústria alemã", são alguns dos temas abordados.

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Integrante da Unidos da Tijuca é atendido depois de acidente
"Conhecedores da história do Carnaval dizem que nunca viram algo assim", afirma jornal sobre acidentes nos desfilesFoto: picture-alliance/dpa/AP/L. Correa

O desfile das escolas de samba do Rio de Janeiro e a venda da siderúrgica da ThyssenKrupp no Rio de Janeiro foram alguns dos temas abordados nos últimos dias pela imprensa alemã.

Os diários Süddeutsche Zeitung, de Munique, e Tageszeitung, de Berlim, dedicaram espaço ao Carnaval. Já a venda da siderúrgica, cuja construção é classificada pelo jornal berlinense Tagesspiegel de "o pior investimento da história da indústria alemã", foi destaque em praticamente todos os jornais.

Süddeutsche Zeitung: O "milagre" dos carros alegóricos, 1º.03.2017

O diário de Munique comenta a série de acidentes no desfile das escolas de samba do Rio de Janeiro: "Um velho ditado diz que só duas coisas são bem organizadas no Brasil: a bagunça e o Carnaval. [As escolas de samba] concorrem num sistema de liga com um conjunto de regras altamente complexo. Um campeonato significa nesta cidade no mínimo tanto quanto no futebol. O evento é certamente laboriosamente organizado – se ele é bem organizado, está mais em questão do que nunca depois do desfile de 2017. Uma série de incidentes lança sombras sobre o autoproclamado 'maior show do planeta'. Conhecedores da história do Carnaval do Rio dizem que nunca viram algo assim. E agora toda a cidade especula como essa série de panes sem igual, de quatro acidentes em duas noites, pôde acontecer. Alguns dizem que combina com a situação atual, já que no Brasil quase tudo anda dando errado. Por que o Carnaval seria exceção? Por outro lado é inegável: a concorrência é cada vez mais dura – e os carros alegóricos cada vez mais custosos, adornados, grandes e trêmulos. Que seja possível locomover essas construções aventureiras de madeira, espuma, metal e panos coloridos enquanto dezenas pulam sobre elas não deixa de ser um milagre."

Die Tageszeitung: Escola de samba provoca o agrobusiness, 28.02.2017

"Este ano o Carnaval do Rio tirou os grandes latifundiários e a bancada ruralista do sério. Sob o slogan 'Xingu, o clamor que vem da floresta', a escola de samba Imperatriz Leopoldinense vai criticar, com sua apresentação no famoso Sambódromo, o desmatamento e a destruição ambiental. Há semanas que associações agrárias fazem campanha contra a exibição artística. A representação é totalmente ultrapassada e mostra 'ignorância da realidade social e econômica brasileira', afirmou a Associação Brasileira dos Criadores de Zebu. Cahê Rodrigues, diretor artístico da Imperatriz Leopoldinense, defendeu o tema político: 'Quando a natureza ou os indígenas estão em perigo, isso também deve ser tematizado no Sambódromo.'"

Süddeutsche Zeitung: Megalomania de 8 bilhões de euros, 23.02.2017

"É o fim de um dos piores investimentos da história da economia alemã. A tradicional empresa ThyssenKrupp quase faliu e sofre até hoje com ele. Em 2005, o então presidente da ThyssenKrupp, Ekkehard Schulz, internamente conhecido apenas como 'Eiserne Ekki' (Ekki de Ferro), queria fazer a empresa dar um grande lance. Junto com o chefe do conselho de administração, Gerhard Cromme, ele decidiu construir duas enormes siderúrgicas e se tornar, assim, o produtor dominante do mercado internacional. A ideia: enormes chapas de aço produzidas de forma barata no Brasil, um país de salários baixos, são levadas para os EUA e a Europa e lá retrabalhadas. Esse deveria ser o maior negócio da ThyssenKrupp.

Só que a megalomania dos estrategistas de Essen logo encontrou um fim ruim e sobretudo caro. Os salários subiram de uma hora para a outra no Brasil, um país emergente, o minério de ferro encareceu e houve problemas enormes na construção dessa obra gigantesca. Os investimentos subiram e subiram. A inauguração era repetidamente adiada, os moradores protestavam contra a poluição ambiental. Aí a demanda internacional por aço caiu porque os chineses forçaram o mercado com preços de dumping. A ThyssenKrupp cambaleava de uma crise para a outra. No fim das contas ficou um considerável prejuízo de 8 bilhões de euros."

AS/ots