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O alemão que impôs respeito aos chineses

mw3 de janeiro de 2003

Pela primeira vez na história do tênis de mesa, um alemão chega ao topo do ranking mundial. Após uma temporada 2002 fulminante, Timo Boll começa o ano como o favorito para o mundial.

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Timo Boll, craque com a bolinha brancaFoto: AP

No tênis de mesa, os chineses são sempre hors-concours. Raros lugares nos pódios lhes escapam. Nos últimos anos, Wang Tao, Kong Linghui, Liu Guoling, Wang Liqin e Ma Lin distribuíram entre si os principais títulos deste esporte e se revezaram na liderança do ranking mundial. 2003 começa, entretanto, com uma sensação. Mal entrou o Ano Novo, o computador da federação internacional ITTF apontou, pela primeira vez, o nome de um alemão como o número 1 do mundo.

Há seis anos, Timo Boll entrou no circuito mundial na humilde condição de 233º do ranking. Desde então, só subiu. Seu talento foi logo atestado ao sagrar-se duas vezes campeão europeu de juniores, antes de em 1998 conquistar pela primeira vez o Campeonato Alemão de profissionais, competição que venceu também em 2001 e 2002. A elite mundial do tênis de mesa reparou no garoto em 2000, quando Boll ficou entre os 16 finalistas da Olimpíada de Sydney.

Ascensão fulminante e inesperada

Aquele resultado o motivou a dedicar-se ainda mais aos treinos. A conseqüência de tanto empenho rendeu frutos em 2002. Em fevereiro, venceu o torneio Europe Top 12, que reúne os melhores do velho continente. "As primeiras vitórias me deram autoconfiança e impuseram respeito, ou até medo, a meus adversários", comenta. Dois meses depois, Timo Boll confirmou seu status ao conquistar o Campeonato Europeu, tanto na competição individual quanto na de duplas. Quando o alemão faturou a Copa do Mundo, em plena China, ninguém mais pôde ter dúvidas de seu talento.

"Há um ano, eu só havia ganho um torneio do circuito mundial profissional", recorda o canhoto ainda impressionado com seu próprio rendimento, depois de ter passado quase todo o ano de 2001 sem praticamente alterar sua colocação no ranking. Boll recusa, no entanto, o rótulo de atual melhor tenista de mesa do mundo. "Dentre todos os jogadores, fui aquele que conseguiu os melhores resultados durante o ano passado, mas isto não significa que sou o melhor do mundo", reage.

Até agora, a vice-liderança do ranking mundial era a mais alta colocação alcançada por um tenista de mesa alemão. Mas a façanha de Eberhard Schöler, hoje vice-presidente da federação alemã DTTB, já fazia 33 anos. Quanto tempo Boll se sustentará à frente dos chineses é uma incógnita, até por que sua vantagem sobre Ma Ling é de apenas um ponto. "Cheguei ao topo do ranking, mas será ainda mais difícil me sustentar nele. Espero manter-me nesta briga por alguns anos", afirma.

Líder do ranking não é tudo

De todo modo, o primeiro lugar lhe dá mais confiança e estímulo. O rapaz de 21 anos sabe: a liderança do ranking é um título matemático, imaginário. Somente um título mundial (em Paris, em maio) ou uma medalha de ouro olímpica (em Atenas, em 2004) lhe permitirão subir de fato ao palco da fama.

Na Alemanha, a federação nacional aguarda ansiosa por este momento, com a esperança de uma nova febre de tênis de mesa no país, a exemplo de 1989, quando Jörg Rosskopf e Steffen Fetzner foram campeões mundiais de duplas. "Vai ser difícil os meios de comunicação ignorarem o mais veloz esporte de bola do mundo", aposta Hans Wilhelm Gäb, presidente de honra da DTTB. "Ser o número 1 do ranking é uma coisa sensacional. Mas isto pouco mudará as coisas na Alemanha. Mais importante seria ser bem-sucedido no Campeonato Mundial", observa Rosskopf.

À disposição como garoto-propaganda

Condições para tal não faltam a Boll. O treinador da equipe alemã, Dirk Schimmelpfennig, o considera um jogador completo, com nervos de aço, que mesmo em situações apertadas consegue manter-se calmo num matchball. Com ou sem um título mundial ou olímpico nas mãos, o canhoto está à disposição para ajudar a popularizar o esporte, mas espera que os dirigentes saibam aproveitar desta vez a oportunidade e não deixar a febre transformar-se num modismo passageiro.

"Dormiram no ponto com os sucessos de Rosskopf e Fetzner. É preciso ter a coragem de levar o tênis de mesa para grandes arenas. Não tenho nada contra transformar torneios em verdadeiros eventos, com música após cada ponto, tal como acontece nos intervalos dos jogos de hóquei no gelo, ou torcedoras de minissaias fazendo coreografias como no futebol americano. Já se poderia hoje promover um torneio Europa versus Ásia assim", receita o menino prodígio.

Chineses em busca de receita contra o alemão

Na China, todos olham com extrema atenção para Timo Boll. "Já ouvi falar que lá estão analisando os vídeos de meus jogos em todos os detalhes, estudando cada jogada minha. Dizem até que já contrataram um treinador para me copiar. De qualquer jeito é um sentimento muito bom saber que os chineses me respeitam, até porque muitos deles não mostram o menor respeito por alguns adversários", conta o novo líder do ranking.