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"Não sabemos quantos ainda estão em Aleppo"

Stephanie Höppner. mp
17 de dezembro de 2016

Integrante da Cruz Vermelha Alemã descreve, em entrevista à DW, as dificuldades envolvidas na retirada dos moradores do leste da cidade. Segurança para civis e equipes de resgate é um dos maiores desafios.

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Syrien Krieg - Evakuierungen in Aleppo
Foto: Reuters/A. Ismail

Alexandra Burck, assessora de imprensa da Cruz Vermelha Alemã, explica, em entrevista à Deutsche Welle, como é realizada a operação de retirada dos habitantes do leste de Aleppo. Entre as maiores dificuldades, estão a segurança para a realização dos trabalhos e o grande número de pessoas a serem resgatadas.

"É um imenso número de pessoas que deixaram suas casas e estão agora dependentes do fornecimento de mantimentos, porque não têm mais nada", afirma. A quantidade de refugiados na cidade pode aumentar. Não dá para saber quantas pessoas ainda estão escondidas nas ruínas e quantas precisam ser transportadas."

DW: A retirada de pessoas do leste de Aleppo começou na quinta-feira. Ela está, agora, praticamente parada desde sexta-feira. Você pode confirmar isso?

Alexandra Burck: Sim, podemos confirmar. As operações de retirada estão paradas ou, esperamos, apenas interrompidas. Cabe agora às partes envolvidas no conflito restabelecer e garantir a segurança, tanto para as pessoas a serem retiradas, como para os membros das equipes de resgate. Não temos mais informações sobre os motivos.

O que a Cruz Vermelha faz atualmente em Aleppo?

O Comitê Internacional da Cruz Vermelha organiza, em conjunto com o Crescente Vermelho Árabe-Sírio, a retirada de pessoas do leste de Aleppo. Além disso, fornece aos que fogem o essencial. A Cruz Vermelha Alemã apoia o Crescente Vermelho já desde 2012, principalmente no fornecimento de itens de ajuda.

Como devemos imaginar a retirada que, esperamos, seja reiniciada em breve?

Tanto o Crescente Vermelho Árabe-Sírio como o Comitê Internacional da Cruz Vermelha receberam solicitação das partes envolvidas no conflito para apoiar a retirada. As pessoas inicialmente são levadas de ônibus do setor leste da cidade para a parte oeste. Mais de 100 voluntários do Crescente Vermelho Árabe-Sírio estão envolvidos ativamente nesta operação. Há também quatro ambulâncias. Somente na quinta-feira, 40 feridos foram transportados, além de 3 mil civis. A Cruz Vermelha também está envolvida na assistência aos refugiados.

Nesse caso, o que exatamente significa "assistência"?

As pessoas são levadas a abrigos de emergência, assim como aquelas que já haviam fugido nos últimos dias da parte leste da cidade. Neles, são fornecidas diariamente 6 mil refeições quentes, por ajudantes da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho.

São montados tanques de água, latrinas. Nos lugares onde há muitas pessoas juntas em um espaço pequeno, é essencial que sejam observadas medidas de higiene, para evitar a propagação de doenças. Por isso, é necessária a construção de instalações sanitárias. Todas estas coisas devem acontecer agora de forma muito rápida, por causa do afluxo de pessoas ainda em curso. E nós temos uma situação em que realmente muitas pessoas precisam de mantimentos, porque abandonaram suas casas.

Quantas pessoas foram retiradas no total e quantas ainda estão à espera de transporte?

Já nos últimos dias, cerca de 50 mil pessoas fugiram da parte leste da cidade. Ainda não sabemos quantos têm que ser retirados. As imagens do leste de Aleppo mostram ruínas até onde os olhos alcançam. Não dá para saber quantas pessoas ainda estão se mantendo escondidas nelas e quantas precisam ser transportadas. Presumimos que a operação de retirada, caso possa ser continuada, demore vários dias.

Existe uma ordem a ser seguida na operação de retirada, doentes e crianças vão em primeiro lugar?

As pessoas não chegam todas ao mesmo tempo. Claro que os feridos têm prioridade. Para eles, é que existem quatro ambulâncias à disposição. Os feridos são, então, levados para centros de saúde na região da grande Aleppo ou no oeste da cidade.

Quais os principais desafios da operação?

O principal desafio é que a coisa toda aconteça em segurança e que tenhamos as garantias de que as pessoas podem ser transportadas sem se machucarem e que os nossos assistentes também não sofram ameaças à integridade física. Outro desafio que eu já tinha descrito: o tratamento das pessoas, como um todo. É um imenso número de pessoas que deixaram suas casas e estão agora dependentes do fornecimento de mantimentos, porque não têm mais nada.

Para onde as pessoas são levadas? Para a parte oeste da cidade ou para Idlib? O que isso significa para elas?

As pessoas são levadas para a parte ocidental da cidade e para Idlib. Somos uma organização humanitária que cuida para que as pessoas recebam ajuda em uma situação de emergência. Não posso dizer exatamente que implicações políticas isso tem exatamente. Nossa tarefa é assegurar que as pessoas recebam assistência.