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Novas companhias aéreas tiram tarifas das alturas

(bk/sv)6 de setembro de 2002

O céu sobre a Alemanha virou centro de uma verdadeira turbulência de preços. Linhas aéreas de pequeno porte lutam por uma parcela cada vez maior do mercado. Algumas delas, no entanto, correm risco de um pouso forçado.

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Ryan Air, uma das pequenas na luta contra os gigantes do setorFoto: AP

Comprar um bilhete aéreo nunca esteve tão barato na Alemanha. Ofertas de vôos a baixo preço pipocam no mercado nacional. O mais novo exemplo é a German Wings, cujas ações pertencem em parte à Lufthansa. A empresa anunciou que deve oferecer tarifas a partir de meros quatro euros, somadas às taxas de aeroporto. Hoje, o passageiro já paga uma bagatela por vôos de Colônia-Bonn a Londres, Paris, Milão, Nice e Istambul.

Outro exemplo do clima de feira adquirido pelo mercado de linhas aéreas no país é a BerlinJet. Fundada por dois estudantes de Administração de Empresas e dois pilotos, a companhia pretende oferecer vôos ligando Frankfurt a Bruxelas. Até agora, no entanto, seus proprietários ainda não conseguiram a permissão de vôo comercial para o trecho, nem são donos de uma aeronave para tal. Uma mostra de que o mercado está indiscriminadamente aberto a "qualquer um" que possa se interessar.

Segurança -

Alguns passageiros se sentem desorientados em meio a tantas ofertas. "Com razão", afirma Christian Boergen, porta-voz da União das Agências de Viagem do país, em entrevista à DW-WORLD. "As linhas aéreas baratas não são, no que concerne à segurança, comparáveis à Lufthansa ou British Airways", observa Boergen. A irlandesa Ryan Air, por exemplo, anunciou há pouco que iria ampliar seu sistema de manutenção. Isso indica, na opinião de Boergen, que as aeronaves da empresa, até agora, não eram mantidas segundo normas rígidas de segurança.

Os pilotos da também barata Easyjet ameaçaram até mesmo entrar em greve, caso os tempos de vôo a que são submetidos não fossem reduzidos. No entanto, as críticas levantadas pelas associações de agências de viagem são mais fundadas em interesses próprios: receia-se que, no futuro próximo, um número cada vez maior de pessoas passe a comprar bilhetes baratos, emitidos pela internet, ao invés de pagar os salgados preços das companhias tradicionais.

Concorrência -

O mercado alemão é, na opinião de especialistas, ideal para as linhas aéreas de pequeno porte. Em épocas de conjuntura desaquecida, o que importa para o passageiro é não onerar o bolso. No entanto, tem ficado cada vez mais claro que o dumping de preços pode significar, para algumas empresas, a saída do mercado. Nos EUA, onde há alguns anos houve um boom de companhias aéreas alternativas, apenas uma conseguiu sobreviver às leis da concorrência: a Southwest Airlines.

Também na Alemanha, as grandes começam a dar as caras: a Easyjet negocia com a Deutsche BA (subsidiária da British Airways na Alemanha), e o grupo de turismo TUI acabou de englobar a pequena Germania. "A longo prazo, apenas as grandes conseguirão manter-se no mercado", acredita Dieter Schneiderbauer, da empresa de consultoria Mercer Management Consulting Group, em entrevista à DW-WORLD. Apesar disso, segundo pesquisa realizada pela empresa, a parcela do mercado destinada às linhas aéreas de pequeno porte deverá chegar aos 25%.

Outro detalhe interessante: a luta por baixas tarifas no céu deve brevemente servir de pressão sobre a principal opção terrestre, a companhia ferroviária Deutsche Bahn. O especialista Schneiderbauer acredita que a DB irá brevemente ser obrigada a baixar seus preços. Caso contrário, seus clientes deverão sair voando. Literalmente.