Nova fuga agrava crise em presídio do Maranhão
18 de setembro de 2014A segunda fuga em apenas uma semana no Complexo Penitenciário de Pedrinhas, em São Luís, levou o secretário de Justiça e Administração Penitenciária do Maranhão, Sebastião Uchôa, a entregar o cargo nesta quarta-feira (17/09).
Uchôa deixou a pasta depois que 13 detentos do Presídio São Luís 1, um dos oito estabelecimentos que compõem o complexo, conseguiram escapar por um túnel. O cargo foi assumido interinamente pelo secretário estadual de Segurança Pública, Marcos Affonso.
Em meio à crise, o governo do Maranhão iniciou o processo de transferência de presos de Pedrinhas para o novo presídio São Luís, localizado na comunidade de Muruaí, na zona rural da capital maranhense. “Estamos tomando as providências e medidas necessárias para restabelecer a normalidade”, afirmou o secretário interino.
Presos da Casa de Detenção, outra unidade do complexo de Pedrinhas, também tentaram escapar escalando muros, mas foram contidos por policiais militares. Durante a fuga, agentes e inspetores penitenciários faziam uma paralisação de 24 horas para denunciar condições de trabalho precárias e a falta de segurança no interior dos presídios.
Quando assumiu o cargo em 2013, Uchôa prometeu valorizar os agentes penitenciários, investir na ressocialização dos presos e aumentar a segurança nos estabelecimentos prisionais. A gestão do ex-secretário foi marcada por explicações sobre a incapacidade do estado de garantir a segurança dos presos e impedir novas fugas.
Somente neste ano, ao menos 16 detentos foram assassinados no complexo de Pedrinhas, e, em 2013, foram 60 mortes, segundo o Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
Crise penitenciária
Os problemas desta quarta-feira vieram menos de 48 horas depois de o diretor da unidade de Pedrinhas Casa de Detenção, Cláudio Henrique Bezerra Barcelos, ter sido preso sob suspeita de aceitar subornos para viabilizar a fuga de presos da instituição.
Na última semana, 36 presos haviam fugido, depois que bandidos obrigaram o motorista de um caminhão a dirigir o veículo contra o muro do complexo, abrindo um grande buraco no concreto.
O Comitê de Gestão Integrada do Maranhão, formado por representantes do Executivo, Legislativo e Judiciário, se reúne nesta quinta-feira para discutir medidas de contenção da crise em Pedrinhas.
O complexo penitenciário ficou conhecido internacionalmente por episódios de decapitação em janeiro deste ano, que teriam sido ordenados por facções criminosas.
KG/abr/lusa/dpa