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"Nem sempre o favorito ganha", diz Dunga sobre seu retorno

Rafael Plaisant22 de julho de 2014

Apresentado oficialmente, técnico defende seu retrospecto à frente da Seleção, cobra respeito da imprensa e pede mudança na percepção sobre o que é futebol ofensivo: "Zagueiro roubar uma bola também é arte."

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Foto: Reuters

Durante sua primeira passagem pela Seleção, Dunga ficou marcado por atritos com a imprensa. No fim de sua trajetória, já durante a Copa de 2010, não faltaram nem palavrões direcionados a jornalistas.

Nesta terça-feira (22/07), na confirmação oficial de sua volta ao cargo, o técnico adotou um tom mais afável, mesmo diante das perguntas mais espinhosas. Dos jornalistas, disse esperar sugestões, mas também respeito. E garantiu que estará aberto a críticas.

"Não vou mudar minha essência, lealdade e transparência. Ninguém vai cercear a imprensa de trabalhar, mas a imprensa tem que entender que o objetivo maior à frente de todos nós é a seleção brasileira", disse.

Colocado em xeque durante toda a coletiva no Rio de Janeiro, Dunga bateu na tecla do seu retrospecto como técnico, de sua integridade pessoal e do comprometimento com a Seleção – "não foi convite, foi convocação" – para justificar a sua volta.

"Se nem os 76% de aproveitamento [na primeira passagem] foram suficientes para convencer essas pessoas, vou ter que fazer muito mais para conquistar essas pessoas e esses sites que fizeram essas enquetes", disse o técnico.

A primeira passagem de Dunga pela Seleção terminou com a eliminação para a Holanda em 2010. Seu retrospecto é de 42 vitórias, 12 empates e seis derrotas, números positivos, mas não o suficiente para evitar uma rejeição superior a 80% entre os brasileiros, segundo sondagens da imprensa local.

"Também tem pessoas que apoiam. É mais ou menos como uma eleição, às vezes o favorito nem sempre ganha", disse o técnico.

Em sua volta, Dunga garantiu que o objetivo é a Copa de 2018, mas afirmou ser impossível não buscar resultados até lá – como nas Olimpíadas e na Copa América. Ele admitiu que o Brasil "não é mais o melhor" do mundo e disse que a saída para voltar a sê-lo passa por mudar a percepção sobre o que é futebol ofensivo.

"Um goleiro fazer uma defesa também é arte, o zagueiro roubar uma bola também é arte. A gente não pode achar que vai encontrar o Pelé a toda hora. A gente não pode querer criar um ídolo a cada dia. O Brasil sempre teve jogadores de grande talento", justificou.

Dunga disse já ter um esboço de sua primeira convocação, que, segundo ele, deverá mesclar jogadores jovens com experientes para buscar resultados. "O torcedor está machucado, mas continua com carinho pela Seleção. Vamos conquistar isso através dos resultados. Não tem outra forma."

O primeiro teste de Dunga será no próximo dia 5 de setembro, contra a Colômbia, uma das seleções revelações do último Mundial.