Nasce coalizão pelos interesses da indústria européia
29 de julho de 2003A Comissão da União Européia saúda a perspectiva de uma cooperação mais intensa entre Alemanha, França e Reino Unido, no tocante à política industrial. Entretanto, um porta-voz do órgão executivo da comunidade de 15 ressalvou nesta segunda-feira (28): “Não creio que se trate de algo novo. Há um debate a respeito, que será levado adiante”.
Como noticiara o semanário Der Spiegel, políticos dos três países trabalham há meses numa “coalizão das nações industriais”, sobre a qual Bruxelas não estava oficialmente informada. O trio deseja que futuramente sejam examinadas as conseqüências dos projetos de lei da UE – por exemplo no campo da política ambiental – para o setor industrial.
Metas principais
Em fevereiro de 2003, os premiês Gerhard Schröder (Alemanha) e Tony Blair (Reino Unido) divulgaram um apelo à UE para que não comprometa a competitividade internacional de suas empresas através de “experimentos de regulamentação”. Numa série de grupos de trabalho e conversações sigilosas, os três países estabeleceram as metas principais da coalizão:
- Introduzir uma impact analysis com o fim de esclarecer o impacto de todas as leis européias sobre os conglomerados e fábricas sediadas na Europa.
- Fortalecer o Conselho de Concorrência da UE. Os ministros da Economia nele reunidos deverão ter função de aconselhamento em todos os projetos de lei da comunidade.
- Operar em bloco no maior número possível de questões políticas relevantes para a indústria.
Segundo a Chancelaria Federal alemã, as ligações entre as três potências tornam-se cada vez mais estreitas. O secretário adjunto do Ministério da Economia, Wilhelm Adamowitsch, elogiou em carta à ministra francesa da Indústria, Nicole Fontaine, o “diálogo exemplar”. Também seu homólogo no Ministério do Exterior, Hans Martin Bury, vem debatendo o tema com a ministra francesa de Assuntos Europeus, Noëlle Lenoir.
Sigilo tático
Há diversos motivos para a não divulgação de detalhes sobre as conversações da coalizão franco-teuto-britânica. Os políticos ligados à indústria preferem elaborar primeiro sugestões concretas, antes de se lançar à inevitável batalha contra o lobby ambientalista.
Especialistas do setor acrescentam que o fato de Bruxelas não haver sido notificada oficialmente é necessário, apesar de pouco usual, do ponto de vista diplomático. Afinal de contas, os burocratas da UE têm praticamente ignorado o assunto até agora. E no entanto é gritante a discrepância entre a significação econômica das três nações – 59% do PIB da comunidade – e o peso de seus votos – apenas 33% – no Conselho da UE.