Nacionalistas hindus reivindicam vitória na Índia
23 de maio de 2019O Partido do Povo Indiano (BJP), do primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, reivindicou a vitória nas eleições legislativas nesta quinta-feira (23/05). As primeiras informações de contagem de votos dão ampla vantagem aos nacionalistas hindus, que devem assegurar a maioria parlamentar e repetir o resultado da eleição legislativa anterior.
"A Índia ganhou novamente!", escreveu o primeiro-ministro indiano em sua conta no Twitter. Modi concorreu a um segundo mandato como chefe de governo da Índia, país com 1,3 bilhão de habitantes. "Juntos crescemos. Juntos prosperamos, Juntos construiremos uma Índia forte e inclusiva."
"Essa grande vitória é a vitória da fé das pessoas nos cinco anos de liderança progressiva e forte do primeiro-ministro Modi", publicou na mesma rede social Amit Shah, o líder do Partido do Povo Indiano e braço direito do chefe de governo.
Dados oficiais da Comissão Eleitoral da Índia – divulgados no começo da tarde no horário local – indicavam apenas que o BJP liderava as disputas para 300 dos 542 assentos parlamentares, mais do que os 282 assentos conquistados em 2014 e que os 272 assentos necessários para deter a maioria na câmara baixa do Parlamento da Índia (Lok Sabha). É uma situação incomum na história política indiana, acostumada a amplas coligações.
Os dados não indicam qual porcentagem dos votos foram contabilizados. Mas, caso seja confirmada a vitória do Partido do Povo Indiano, será a primeira vez desde 1984 que um partido sozinho conquista a maioria em duas eleições consecutivas.
A eleição foi organizada em sete fases. Durante seis semanas, entre abril e maio, 67% dos 900 milhões de eleitores indianos participaram na maior eleição já realizada no país. As eleições tiveram início em 11 de abril, e foram vistas como um referendo sobre Modi. Suas reformas econômicas não tiveram grande êxito, mas ele é muito popular no país.
Com 68 anos, o filho de um vendedor de chá em Gujarat – no oeste do país – chegou ao poder em 2014 e enfrentou neste escrutínio vários poderosos partidos regionais e o Congresso Nacional Indiano, liderado pelo herdeiro da dinastia política Nehru-Gandhi, que não tem ligação nenhuma com o ativista Mahatma Gandhi.
Do lado de fora da central do BJP em Nova Déli, centenas de pessoas festejaram e gritavam slogans do partido, além de levar cartazes em apoio a Modi e Shah, em meio a batucadas e fogos de artifícios.
Na sede do oposicionista Congresso Nacional Indiano, apenas alguns funcionários do partido permaneciam acompanhando a apuração, desanimados. O líder do partido, Rahul Gandhi, perdeu a sua cadeira numa corrida apertada em seu distrito eleitoral de Amethi, no estado de Uttar Pradesh, um assento mantido por sua família por gerações.
Em entrevista à DW, Sathiya Moorthy, da Observer Research Foundation, afirmou que a equipe de campanha do BJP fez um bom trabalho em convencer os eleitores do país de que Modi precisava de outro mandato para desfazer os erros dos governos anteriores liderados pelo Congresso Nacional Indiano.
"A mensagem parece ter recebido ressonância suficiente com o povo, especialmente entre os eleitores jovens", disse. "O resultado fala mais sobre as expectativas dos indianos para o futuro do que sobre o desempenho do governo no passado."
Na campanha eleitoral, Modi se apresentou como um homem que cresceu sem ajuda e com a confiança necessária para reduzir a burocracia e liberar o potencial econômico da Índia. Modi também acusou o líder da oposição de fazer parte de uma elite fora de controle. Além disso, o BJP aproveitou o poder das plataformas de mídia social, nas quais Modi tem 47,4 milhões de seguidores.
"Esta não é apenas uma vitória impressionante para Modi. Também é importante para o progresso econômico e social da Índia", disse Jagdish Bhagwati, economista nascido na Índia e professor da Universidade de Columbia, em entrevista à DW.
No entanto, críticos expressaram temores de que o impressionante desempenho eleitoral do BJP possa encorajar grupos hindus de direita e exacerbar a polarização religiosa entre hindus e muçulmanos no segundo país mais populoso do mundo.
PV/rtr/lusa/afp/dpa/ap
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