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Não só brasileiros festejam no fim do mundial

Marcio Weichert30 de junho de 2002

Apesar do cancelamento da maior parte das festas programadas, muitos alemães mostraram ter esportiva e saíram em carreatas. Polícia deteve 40 hooligans em Hamburgo. País quase parou na hora do jogo.

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Duas brasileiras radiantes de alegria em ColôniaFoto: AP
A Alemanha parecia uma terra fantasma no início da tarde deste domingo (a decisão da Copa do Mundo começou às 13 horas, horário alemão). Se pouco antes do apito inicial, o trânsito nas ruas e estradas ainda era intenso, com as pessoas deslocando-se para assistir à partida com amigos, familiares ou simplesmente diante de telões em locais públicos, quando a bola rolou as ruas ficaram desertas. Bondes, metrô e ônibus circularam praticamente vazios.

Em contrapartida, bares, cervejarias e restaurantes ficaram lotados e multidões se reuniram em praças, estádios e outros endereços. Hamburgo voltou a ser a cidade com maior número de torcedores nas ruas. Somente na zona boêmia Reeperbahn, no bairro St. Pauli, a concentração de pessoas chegou a 50 mil. Na zona portuária Hafencity, outros 15 mil agüentaram a chuva diante do telão.

"Os brasileiros mereceram vencer, mas os alemães jogaram muito bem", disse um rapaz. "Estou completamente decepcionada. A única coisa que ajuda agora é uma boa ducha quente", contestou uma mulher.

Em Berlim, a Potsdamer Platz foi mais uma vez o principal ponto de encontro da torcida. A praça acabou tendo de ser interditada duas horas antes do jogo, para evitar sua superlotação. Três mil alemães vibraram, sofreram e se calaram no complexo futurista da capital, enquanto um punhado de brasileiros esbanjava alegria.

Alegria mesmo na derrota

As reações dos alemães oscilaram entre decepção e reconhecimento pela atuação do time de Rudi Völler na Copa do Mundo. Por exemplo, na própria Potsdamer Platz, 15 minutos após o encerramento da partida, muitos torcedores mostraram já ter se recuperado do choque do sonho não concretizado e cantaram refrões de agradecimento a Völler e ao goleiro Kahn, apesar de sua falha no primeiro dos dois gols de Ronaldo.

"Estou tremendamente decepcionado. Olli (Oliver Kahn) poderia e deveria ter evitado o primeiro gol", criticou o estudante Thomas Hove, 31 anos, que acompanhou a vitória brasileira na praça berlinense. "Sem Kahn, a Alemanha jamais teria chegado à decisão", defende o goleiro o engenheiro Frank Partey. "Os alemães jogaram superbem, mas os brasileiros tinham Ronaldo", observou um dos 40 mil torcedores que se reuniram na rua Leopoldstrasse de Munique. Em Frankfurt, 10 mil pessoas se espremeram diante do telão na praça Römerplatz.

Stuttgart tem carreata com 600 veículos

Nas ruas, os brasileiros não foram os únicos a promover carreatas ou sacudir suas bandeiras. Seja por felicidade ou satisfação pelo inesperado vice-campeonato, ou simplesmente para não perder a viagem ou condenar ao desprezo bandeiras compradas nos últimos dias, vários alemães também puseram seus carros nas ruas, com a mão na buzina.

Em Stuttgart, segundo a Polícia, 600 carros desfilaram pela cidade. Na rua interditada diante de um bar brasileiro, houve confraternização entre as torcidas adversárias. A pentacampeã esteve reforçada por turcos, americanos e belgas vestidos de verde e amarelo.

Incidentes se multiplicam no início da noite

Nas primeiras horas depois da partida, as comemorações transcorreram tranqüilamente em quase todo o país. Mas no início da noite começaram a se multiplicar os registros policiais, "devido ao efeito do consumo de álcool". Em Hamburgo, houve tumulto na Reeperbahn. A Polícia interveio e prendeu 40 hooligans.

Em Berlim, as autoridades já somavam 50 pessoas levadas para as delegacias. Em Leipzig, 12 pessoas foram detidas e sete ficaram feridas num quebra-quebra no centro da cidade. Carros e vitrines sofreram danos. Também ocorreram cinco detenções em Karlsruhe, após cenas de pancadaria.