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80 anos de Günter Grass

Holger Ehlig (ca)16 de outubro de 2007

Não é fácil para a literatura alemã no exterior. Ela é considerada narcisista e pouco divertida. Günter Grass, que está fazendo 80 anos, tem, no entanto, admiradores fiéis também no estrangeiro.

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Grass recebeu o Nobel de Literatura em 1999Foto: AP
Günter Grass in Danzig
Com 'O Tambor', Grass ganhou fama mundialFoto: dpa

Günter Grass, que completa 80 anos nesta terça-feira (16/10), sempre despertou o interesse de leitores estrangeiros. Seus livros foram, até agora, traduzidos em mais de 50 línguas e, dos Estados Unidos à Coréia, passando por Polônia e Índia, leitores e escritores lhe outorgam o maior respeito.

Isto vale até para a China, como observa Jing Bartz, diretor do Centro Alemão de Informação sobre o Livro em Pequim. Desde Descascando a Cebola até O Tambor, quase toda a sua obra foi traduzida para o chinês e também tem sido lida.

Jing cita um importante crítico de literatura chinês que considera Grass um escritor criativo e enérgico. O que impressiona os chineses, em particular, é sua crítica perseverante da sociedade e sua reflexão sobre o passado da Alemanha.

Respeito internacional

Este respeito internacional sempre surpreende a imprensa cultural alemã, ela própria conhecida pelo fato de não gostar de olhar para além de suas fronteiras nacionais. Principalmente em 1999, quando Günter Grass foi agraciado com o Prêmio Nobel de Literatura, o aplauso internacional foi motivo de grande surpresa.

Certamente é possível discutir sobre a qualidade literária de suas obras mais recentes. Sua reputação internacional, no entanto, está para sempre relacionada a O Tambor.

Esta também é a opinião do germanista coreano Moon Seung-Hyun, quando afirma que, "devido ao filme, muitos leitores coreanos conhecem O Tambor e muitos escritores coreanos o admiram".

Ícone da literatura mundial

O Tambor, romance com o qual Günter Grass ajustou as contas com o nacional-socialismo há quase 50 anos, o transformou também em um dos ícones da literatura do século 20. Talvez por esse ajuste de contas não ter se manifestado por meio do clichê moralista, mas de forma burlesca, contribuiu para restituir um caráter humano à percepção internacional dos alemães, provocando admiração e surpresa também nos Estados Unidos.

Segundo Christina Knight, do Escritório Alemão do Livro em Nova York, "admira-se nele o fato de ser um bom narrador e sua maneira de escrever possui um ritmo musical que se pode comparar ao jazz".

Grass também é muito admirado pelo autor de sucesso John Irving, que chegou mesmo a introduzir, em seu famoso romance Uma Oração para Owen Meany, um personagem semelhante a Oscar [protagonista de O Tambor] como herói de sua história. Reafirmando sua admiração, Irving também escreveu um artigo sobre Grass por ocasião de sua recente visita aos Estados Unidos, explica Knight.

O certo é que um grande escritor completa 80 anos e o mundo o cumprimenta.