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Violência

DW (sv)7 de dezembro de 2008

Morte de um jovem de 15 anos pela polícia grega desencadeia tumultos em várias cidades do país. Governo suspende policiais envolvidos num incidente que não é o primeiro do gênero na história recente da Grécia.

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Tumultos nas ruas de AtenasFoto: AP

A morte de um jovem de 15 anos desencadeou tumultos em várias cidades gregas. No centro de Atenas, aproximadamente cinco mil pesoas de pessoas foram às ruas na tarde deste domingo (7/12). Milhares de manifestantes protestaram de forma pacífica, alguns atiraram pedras destuindo vitrines, além de incendiar carros e contêineres de lixo.

Também em Salônica, a segunda maior cidade grega, e em Patras, no sul do país, foram registrados tumultos nas ruas. Em outras cidades do norte grego, bem como na ilha de Creta houve também confrontos entre manifestantes e policiais.

Protestos contra arbitrariedade da polícia

A maioria dos manifestantes protestaram, usando máscaras, contra "o comportamento arbitrário" dos policiais envolvidos no incidente que causou a morte do jovem de 15 anos. Os protestos se voltam também contra o governo conservador do primeiro-ministro Kostas Karamanlis. No bairro Exarchia, cenário da morte do assassinato do jovem na noite do último sábado (6/12), os manifestantes incendiaram carros e contêineres de lixo.

Ausschreitungen Griechenland Athen Migranten
Protestos causados pela recusa das autoridades em conceder asilo político a refugiadosFoto: AP

Forças de segurança bloquearam o acesso ao centro da cidade e atacaram os participantes dos protestos com gás lacrimogêneo, depois que estes atiraram pedras e coquetéis molotov na região próxima à universidade. O Instituto Politécnico foi tomado pelos manifestantes, que também ocuparam vários outros prédios do complexo universitário.

Segundo informações da polícia, o jovem morto na noite do sábado havia, junto com outros 30 jovens manifestantes de esquerda, atirado pedras numa viatura da polícia. Um dos policiais teria saído da viatura, a fim de conter os manifestantes, quando disparou três tiros que atingiram o peito do jovem. Este foi levado ao hospital, onde já chegou morto.

O bairro Exarchia já foi várias vezes palco de confrontos entre manifestantes e forças policiais. No sábado, vários imigrantes haviam protestado contra a recusa das autoridades frente a pedidos de asilo político para refugiados no país. Os tumultos deixaram pelo menos 31 estabelecimentos comerciais, novo agências bancárias e 25 veículos, entre estes seis viaturas policiais, destruídos. Mais de 20 policiais tiveram que ser levados ao próximo pronto-socorro em função de ferimentos.

Governo anuncia medidas

O ministro grego do Interior, Prokopis Pavlopoulos, lamentou profundamente a morte do jovem. O pedido de renúncia do ministro foi, contudo, rejeitado pelo premiê Karamanlis. Pavlopoulos repassou o caso imediatamente a três promotores, responsáveis pelo esclarecimento das circunstâncias da morte do jovem. Segundo o ministro, trata-se de um caso não justificável, declarou Pavlopoulos, que pretende fazer com que os responsáveis sejam julgados.

Segundo informa a mídia grega, os dois policiais envolvidos no incidente e o coordenador do posto policial do bairro Exarchia foram suspensos do trabalho. O partido de oposição de esquerda Pasok condenou o assassinato do jovem, cuja morte "é de responsabilidade da política e da polícia".

Estes foram os tumultos mais sérios no país desde os confrontos de janeiro de 1991, quando supostos anarquistas incendiaram duas lojas de departamento causando a morte de quatro pessoas. A morte do jovem no sábado desperta na Grécia também as lembranças da morte de Michalis Kaltezas, que no ano de 1985 foi da mesma forma morto pela polícia ao participar de uma manifestação no mesmo bairro Exarchia. A morte de Kaltezas foi, por muitos anos, motivo de confrontos entre a polícia e grupos jovens de esquerda no país.