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Morre Chillida, poeta do ferro

(ck)20 de agosto de 2002

Eduardo Chillida, escultor espanhol e um dos mais importantes artistas do nosso tempo, morreu na segunda-feira (19), aos 78 anos, no norte da Espanha.

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Escultura de Chillida em frente à Chancelaria Federal em BerlimFoto: AP

O próprio chanceler federal Gerhard Schröder, ao inaugurar a obra, expressou o desejo de que ela virasse um símbolo da Alemanha unificada. A escultura tem dois braços de ferro, que se entrelaçam como duas mãos se tocando.

Chillida, que é originário do País Basco na Espanha, afirmou na ocasião que esta seria a sua última escultura de grandes dimensões. Os alemães, segundo ele, compreenderam a sua arte; sobretudo os jovens, o que o deixou muito surpreso e feliz.

"Há 20 anos que recebo um monte de cartas de jovens da Alemanha – isto não me aconteceu em nenhum ourto país", afirmou Chillida.

Suas esculturas são feitas de ferro, que ele esquenta para tornar maleável e transformar de acordo com suas idéias. Mesmo pesando 90 toneladas, as esculturas parecem leves por causa de suas formas sinuosas.

Grandes exposições das obras de Eduardo Chillida são raras porque é difícil e custa caro transportar seus colossos de ferro.

Chillida não estava tão interessado no espaço que circunda suas esculturas, mas no espaço interior que elas criam. O espaço criado pelas formas – os intervalos, que separam cada um dos elementos e, ao mesmo tempo, criam uma relação entre eles. As esculturas parecem fechadas para dentro de si, destacam-se do espaço exterior, mas dão a impressão de ser algo unificado e compacto.

Biografia

Na verdade, Eduardo Chillida queria ser jogador de futebol, mas sofreu uma falta de um adversário que lhe destruiu o joelho. Depois disso, ele começou a estudar arquitetura em Madri. Na década de 40, preferiu ir a Paris sem ter terminado os estudos.

Em Paris, ele revolucionou em muito pouco tempo a escultura: espaço para ele era só um material que combinava com madeira, cerâmica, alabastro e ferro, a fim de dar uma nova forma. Ele dizia: "Sou um arquiteto do vazio".

Foi em Paris que Chillida conheceu a música de Bach, a qual teve grande influencia sobre ele. Segundo Chillida, a música de Bach captava a mesma experiência espacial que ele tentou com a sua arte. O escultor dizia que só teve dois mestres: o mar e Bach.

Em 1950, Chillida voltou para a Espanha, onde descobriu o seu material favorito: o ferro. Desde então, viveu e trabalhou em San Sebastian, no País Basco, e passou a acumular prêmios e homenagens. Ele expôs nas mais conhecidas galerias e museus e suas esculturas encontram-se espalhadas em praças públicas do mundo inteiro.

Chillida sentia-se como um árvore cujas raízes estavam no País Basco mas os galhos se estendiam por todo o mundo.