Mons: tesouro cultural europeu
Uma das duas capitais europeias da cultura de 2015, cidade belga é rica em tradições e contrastes. Poucos lugares do mundo concentram tantos Patrimônios da Humanidade num espaço tão pequeno.
Cidade de grandes inventores
Mons mostra o seu cartão de visitas já no antigo matadouro, onde são apresentados 20 inventores que estão no contexto da cidade desde o período Neolítico. Entre eles, Jean-Charles Houzeau – que desenvolveu, em 1882, o heliômetro, um instrumento de medição de energia solar – e Albert Toilliez, um engenheiro que descobriu que os cinzéis da Idade da Pedra serviriam como ferramentas de mineração.
O campanário barroco
A Torre do Sino é um dos patrimônios mundiais da Unesco e pode ser vista de qualquer parte da cidade de 95 mil habitantes. Victor Hugo a batizou como “jarro de café” - o escritor achou a construção terrível: “Se ela não fosse tão grande...” É o único campanário em estilo barroco da Bélgica. Será reinaugurado em abril deste ano como um museu.
Os primeiros traços de Van Gogh
A exposição “Van Gogh em Borinage” é um dos destaques da Capital Europeia da Cultura de 2015. Nela, é possível ver os primeiros traços do artista holandês que, de 1878 a 1880, viveu como pregador na região mineira de Borinage, a 10 quilômetros de Mons. O período é marcado na obra do pintor e fez surgirem vários motivos que permeiam a sua trajetória artística.
Acervo do conhecimento
A Google abriu um centro de dados em 2000 em Mons. A gigante da Internet deu continuação a um projeto que começou no final do Século 19 com dois belgas. Na época, Paul Otlet e Henri La Fontaine fundaram os arquivos “Mundaneum” – que eram uma espécie de “Google” em forma de papel, composto por 18 milhões de cartões. Trata-se de um dos cinco Patrimônios Mundiais da Unesco.
Animal da sorte
A escolha de Mons como capital cultural de 2015 tenta ajuda com que o desemprego, hoje em 20%, caia através do turismo e da cultura. Acariciar uma vez por ano, com a mão esquerda, a cabeça deste macaquinho na fachada da Prefeitura, poder ajudar: a lenda diz que o gesto traz sorte.
Amor à “segunda vista"
O grande momento de Mons está no passado. Até 1958, a região viveu da indústria de mineração. Mas o processo de extração do carvão, a mil quilômetros de profundidade, era caro. As montanhas de entulho no horizonte lembram essa época, assim como as pobres casas de dois andares feitas de tijolos à margem das duas principais vias de acesso a Mons. Muitas delas estão hoje vazias.
O império das mulheres
Uma capital cultural onde as mulheres tinham o poder - uma foi inclusive canonizada: Santa Valdetrudes salvou Mons da peste em 1349. Ela e outras mulheres ricas da época construíram a Igreja de Valdetrudes . Suas relíquias cruzam a cidade uma vez por ano em uma carruagem dourada.
Cobre no lugar do ouro
O busto de Santa Valdetrudes chama imediatamente a atenção do visitante na impressionante igreja gótica. O original, de ouro, foi roubado e derretido pelo Exército francês. Por isso, hoje a igreja tem apenas uma réplica de cobre do monumento.
Prefeitura, ponto de encontro
Todas as ruas – a maioria com paralelepípedos – levam à Grand-Place. Lá se encontram, por exemplo, estudantes de duas universidades da cidade em diversos bistrôs e cafés. No local também está a Prefeitura de Mons, a única em estilo gótico da região da Valônia.
Arte no quartel
Mons ganhou cinco novos museus neste ano. A cidade se transformou em um grande canteiro de obras. O antigo quartel da cavalaria encontra-se em um processo de metamorfose. Seguindo o lema da capital cultural, o prédio ganha nova vida, respira novos ares e se transforma em um museu de arte e design.
Quatro estações de cultura
Apesar de ser a menor capital europeia da cultura já escolhida, Mons se baseia em superlativos. A cada três meses surgem novos programas culturais – exposições famosas, aberturas de museus, festivais. Foram investidos 70 milhões de euros para garantir o clima festivo. Cinco mil artistas de 12 países participam.