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Missão em Bagdá

lk12 de novembro de 2002

O técnico alemão Bernd Stange está dando início à "mais difícil tarefa de sua vida": acaba de assinar contrato para treinar a seleção nacional e a equipe olímpica de futebol do Iraque.

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Responsável só por questões esportivas, nada de política: Bernd StangeFoto: AP

Muitos nomes ilustres do futebol alemão treinam jogadores em países exóticos: Winfried Schäfer nos Camarões, Bertie Vogts na Escócia e, anteriormente, no Kuwait, Hans Jürgen Gede no Irã e Otto Pfister na Arábia Saudita. Mas nenhuma tarefa se compara à assumida por Bernd Stange, que vai atuar por quatro anos justamente no país ameaçado de guerra pelos EUA, o Iraque.

O contrato, assinado no domingo (10) em Bagdá, inclui uma cláusula que permite a Stange, de 54 anos, abandonar o país imediatamente em dois casos: de um terremoto, ou de um ataque militar contra o regime de Saddam Hussein. "Foi a primeira vez na minha vida que precisei fazer uma exigência dessas. Ainda bem que eles concordaram."

Por causa do perigo iminente, o ex-treinador da equipe da extinta República Democrática Alemã vai trabalhar inicialmente sozinho, deixando a contratação de um co-técnico – também um alemão – "para quando a situação política estiver esclarecida". Da mesma forma, sua esposa Dorothea vai continuar vivendo em Iena, no leste da Alemanha, indo ao Iraque no máximo para visitá-lo.

Esporte é esporte, política é política

Stange defende sua decisão, duramente criticada por outros técnicos e por políticos: "Eu não sou o único alemão aqui. O empresariado anda louco para fechar contratos com o Iraque", diz aludindo à participação de 50 empresas alemãs na Feira de Bagdá.

Ele apóia a posição do governo alemão, que é contra uma guerra no Iraque, afirma, mas isso não quer dizer que seja um defensor do regime de Saddam Hussein. Por isso, fez questão de acrescentar mais uma cláusula a seu contrato: tem o direito de silenciar em público quanto a questões políticas.

Conseguiu também que lhe fosse atribuída responsabilidade absoluta no setor esportivo, o que é de admirar, considerando que Udai Hussein, filho do ditador iraquiano, é o presidente da Federação de Futebol.

Recuperar o potencial perdido

Para poder comparecer a Atenas para os Jogos Olímpicos de 2004 e classificar-se para o Campeonato Mundial na Alemanha, em 2006, Stange tem pela frente um grande desafio. "O pior é que o Iraque perdeu praticamente toda uma geração de futebolistas por causa da guerra", diz ele, acentuando que confia no potencial de seus novos pupilos. Sua meta é colocar os jogadores iraquianos em condição de igualdade com os de nações que eles conseguiam vencer ainda dez anos atrás: a Arábia Saudita, o Irã, o Japão, a Coréia do Sul.

Com a classificação para o Campeonato Mundial se realizaria um sonho do técnico, que já trabalhou na Ucrânia, Austrália e Omã. O maior sucesso que os iraquianos conseguiram até agora foi participar na Copa de 1986, no México. Só que logo se desclassificaram, após três derrotas consecutivas.