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Entre o medo e o rating

11 de julho de 2011

Conferência na capital belga evidenciou tanto urgência de ajuda a Atenas quanto divergências sobre inclusão dos credores privados. Itália promete resolver seu próprio orçamento, ministros apoiam. Merkel faz apelo a Roma.

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Encontro em Bruxelas discutiu endividamento italiano e crise da Grécia
Encontro em Bruxelas discutiu endividamento italiano e crise da GréciaFoto: picture-alliance/dpa
Os ministros das Finanças dos 17 países-membros da União Monetária Europeia assinaram nesta segunda-feira (11/07), em Bruxelas, um acordo para criação de um fundo de crise para as nações em dificuldades, o Mecanismo Europeu de Estabilidade Financeira (MEEF). Em 1º de julho de 2013, ele deverá substituir o atual Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF), do qual a Irlanda e Portugal ainda se beneficiam.
O futuro MEEF disporá de um capital de 700 bilhões de euros – dos quais 80 bilhões de euros em espécie – destinados a resgatar da falência estatal os grandes devedores da zona do euro. O acordo de criação ainda precisa ser ratificado pelos 17 países-membros.
Como sempre, Atenas
A altamente endividada Grécia permaneceu tema central do encontro ministerial na capital belga. Os integrantes da zona do euro querem oferecer ao país, o mais breve possível, um novo pacote de ajuda, com valor estimado em até 120 bilhões de euros.
Ministro Schäuble defendeu pacote de austeridade italiano
Ministro Schäuble defendeu pacote de austeridade italianoFoto: dapd
Entre os chefes de pasta reunidos era óbvia a urgência de assegurar por escrito a medida, também como meio de minorar o extremo nervosismo dos mercados financeiros. "A Europa está pronta a defender a Eurozona", declarou o ministro holandês das Finanças, Jan Kees de Jager. Fontes diplomáticas apontaram a necessidade de evitar o alastramento da crise a outros países, como a periclitante Itália. Por outro lado, a conferência evidenciou que questões centrais do novo plano de emergência para a Grécia continuam controversas, sobretudo no tocante à inclusão de bancos e seguradoras, os europeus se movem em círculos.
A Alemanha, Holanda e Finlândia são as primeiras a exigir que os credores privados assumam uma "parcela substancial" do pacote de resgate. Entretanto, diferentes agências de rating sinalizaram a intenção de classificar como não cumprimento parcial da dívida a inclusão – ainda que voluntária – dos bancos no pacote de resgate, consequência esta que os políticos europeus se recusam a aceitar. Assim, o ministro De Jager anunciou que os trabalhos deverão se estender até o final de agosto ou início de setembro.
Mais um caso de resgate?
Recorde da cotação do ouro: culpa da Itália, dizem economistas
Recorde da cotação do ouro: culpa da Itália, dizem economistasFoto: AP/Deutsche Bundesbank
Crescem os temores de que a Itália venha a ser tragada pela crise de endividamento. Depois da Grécia, ela é o país da zona do euro com a maior taxa de endividamento, em relação ao desempenho econômico. No final de 2010, o total de suas dívidas já perfazia 119% do Produto Interno Bruto, devendo ultrapassar os 120% neste ano.
Na primeira semana de julho, as taxas de risco sobre os créditos estatais italianos alcançaram níveis recorde, e na última sexta-feira as cotações na Bolsa de Valores de Milão despencaram.
Especialistas responsabilizam a insegurança em torno da situação na Itália até mesmo pela alta do preço do ouro, nos mercados financeiros. No final da manhã desta segunda-feira, a onça troy (31,04 gramas) atingiu o recorde absoluto de 1.095,02 euros, porém caindo depois.
No entanto, a chefe da pasta de Finanças da Espanha, Elena Salgado, fez questão de ressaltar em Bruxelas: "Em minha opinião, a Itália é capaz de sair sozinha dessa situação – com a ajuda de todos. Precisamos da ajuda dos outros, mas não de ajuda financeira".
O ministro alemão das Finanças, Wolfgang Schäuble, também afirmou considerar improvável que Roma precise em breve do socorro financeiro da União Europeia. Ele classificou como "muito convincente" o esboço de saneamento orçamentário apresentado por seu colega de pasta italiano, Giulio Tremonti. "Estou certo que a Itália está tomando as decisões acertadas", defendeu Schäuble.
Merkel apela a Roma
O político alemão descartou, ainda, os clamores de que o mecanismo de proteção do euro mantido pelo Banco Central Europeu seja duplicado para 1,5 trilhão de euros, em decorrência da situação italiana. A informação fora divulgada pelo jornal alemão Die Welt em sua edição desta segunda-feira. Para Wolfgang Schäuble, trata-se dos "boatos de praxe, sem nada a ver com a realidade".
Premiê Silvio Berlusconi: mais uma preocupação para a UE
Premiê Silvio Berlusconi: mais uma preocupação para a UEFoto: picture-alliance/dpa
O clima de preocupação também levou a chefe de governo alemã, Angela Merkel, a se pronunciar publicamente a respeito. Ela instou o governo em Roma a aprovar urgentemente medidas de redução de gastos públicos, a fim de consolidar as finanças do país, dizendo confiar que a Itália "vai anunciar justamente um orçamento desse tipo".
Segundo a premiê, cabe à própria Itália emitir este "sinal importante". Na véspera, ela tratara do assunto ao telefone com seu homólogo italiano, Silvio Berlusconi.
Merkel sublinhou que a Alemanha e todos os países que adotam o euro estão firmemente decididos a defender a estabilidade da moeda única europeia. Segundo ela, o euro, em si, é estável, "mas temos problemas de dívidas em alguns países". Exigindo uma decisão imediata por parte da UE, quanto ao um novo pacote de ajuda, a chanceler federal observou: "No tocante à Grécia, gostaria de dizer que agora a Grécia tem que receber bem rápido um novo programa, num prazo bem curto".
AV/dpa/rtr/afp/dapd
Revisão: Carlos Albuquerque