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Mineração urbana: as riquezas escondidas nas cidades

13 de março de 2018

Centros urbanos abrigam toneladas de materiais que podem ser reutilizados – de prédios a carros e lixo eletrônico. Aos poucos, a chamada economia circular ganha importância e ajuda a proteger recursos naturais.

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Cerâmica
Cerâmica de louças, privadas ou pias é um exemplo do que pode ser reaproveitadoFoto: DW/K. Jäger

Com a redução dos recursos naturais disponíveis e o contínuo aumento da demanda, o uso de materiais reciclados vem ganhando importância, assim como as riquezas que as cidades abrigam.

Concreto, tijolos ou cerâmica, por exemplo, podem ser encontrados em grande quantidade em muitos edifícios. Metais comuns, como aço, cobre e alumínio e materiais como plástico, gesso, asfalto e madeira também são abundantes. Além disso, o lixo doméstico é uma fonte interessante de materiais valiosos.

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A chamada mineração urbana tem muitas vantagens em relação à mineração comum: os materiais são armazenados nas próprias cidades onde é provável que sejam utilizados novamente e, portanto, não há necessidade de longas rotas de transporte. O impacto sobre o meio ambiente é obviamente menor que o da mineração de recursos naturais.

"À medida que o uso de combustíveis fósseis se tornar mais complexo e caro, a reciclagem de matérias-primas secundárias ganhará em competitividade", afirma Jasmin Mangold, da empresa alemã de gerenciamento de lixo Bonn Orange, da cidade de Bonn.

Lixo
Cada cidadão alemão produz quase 500 quilos de lixo por anoFoto: DW/K. Jäger

Praticamente tudo é reutilizável

Cada cidadão alemão produz quase 500 quilos de lixo por ano, e os funcionários da Bonn Orange trabalham para separar todos os tipos de resíduos: computadores, televisores, geladeiras, máquinas de lavar roupa, baterias, lâmpadas fluorescentes, entulho, óleos, tintas.

As tintas são aproveitadas para fazer giz, os óleos são usados em cosméticos, e dispositivos eletrônicos contêm materiais recicláveis importantes, como plástico, metais e vidro.

Assim como trilhos ferroviários abandonados, terrenos baldios ou aquele celular esquecido numa gaveta, também fazem parte dos resíduos produzidos pela humanidade edifícios, móveis e eletrodomésticos.

Essas chamadas matérias-primas secundárias podem ser reutilizadas para produção comercial e industrial, limitando as importações e protegendo os recursos naturais e o meio ambiente.

Um carro, por exemplo, representa um grande estoque de matérias-primas – mesmo um carro velho e enferrujado tem valor. Na internet, há vários varejistas à procura de engrenagens, portas e outras peças. Eles usam ou vendem o ferro, plástico, vidro e metal do veículo para produzir novos produtos. Os pneus podem ser transformados em superfícies rodoviárias ou materiais isolantes.

Lixo valioso

"Estamos cercados por um armazém artificial de mais de 50 bilhões de toneladas de materiais", afirmou a presidente da Agência Alemã de Meio Ambiente (UBA), Maria Krautzberger.

Se na Alemanha toda a infraestrutura industrial, todos os edifícios e resíduos fossem considerados um montante de materiais valiosos, representariam per capita: 317 toneladas de minerais, mais de quatro toneladas de madeira, três toneladas de plásticos e 14 toneladas de metais.

A cada ano, esse estoque urbano cresce em mais de dez toneladas por habitante na Alemanha, de acordo com dados da UBA. O valor dos metais espalhados pelas cidades da Alemanha é estimado em 650 bilhões de euros. Aos poucos, esses materiais estão começando a ser vistos não mais como um fardo, mas como uma fortuna.

Economia circular

Cerâmica
Cerâmica de louças, privadas ou pias é um exemplo do que pode ser reaproveitadoFoto: DW/K. Jäger

"Reciclagem é uma indústria-chave no caminho para uma economia circular eficiente em termos de recursos", disse Felix Müller, químico industrial da UBA.

A produção de um carro de uma tonelada, por exemplo, exige 15 toneladas de matérias-primas primárias, incluindo minérios e combustíveis fósseis.

"As matérias-primas secundárias têm um alto grau de reutilização, porque não precisam ser refinadas, mas apenas derretidas", explicou Müller. "Para produzir uma tonelada de aço elétrico a partir de sucata são necessários apenas 0,8 tonelada de matérias-primas primárias e somente um terço da energia", exemplifica.

Ao menos na Alemanha, esse parece ter sido reconhecido como o caminho a seguir. Por exemplo, 30% dos produtos semiacabados de cobre já são feitos a partir de sucata doméstica de cobre no país, segundo a UBA.

Entre a população, a reciclagem também é bastante popular. Frequentemente as pessoas preferem reciclar que trazer recursos naturais de fora ou enviar grandes quantidades de lixo para a Nigéria ou a China. Na União Europeia como um todo, a economia circular também vem sendo identificada como um importante objetivo.

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