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Milhares protestam contra o Pegida na Alemanha

12 de janeiro de 2015

Cerca de 100 mil pessoas saem às ruas em marchas contra o movimento "anti-islamização" em Leipzig, Hannover, Munique e outras grandes cidades alemãs. Em Dresden, Pegida reúne novo recorde de participantes.

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Foto: Reuters/H. Hanschke

A resistência ao grupo Pegida (sigla em alemão para "Europeus patriotas contra a islamização do Ocidente") atingiu um novo patamar na Alemanha, nesta segunda-feira (12/01). Na esteira dos ataques terroristas perpetrados na França, na semana passada, aproximadamente 100 mil pessoas foram às ruas pleitear por uma coexistência pacífica entre religiões e se posicionar contra o movimento "anti-islamização".

Em pelo menos dez cidades, o número de participantes das marchas contrárias ao Pegida superou a marca de mil pessoas. E, em todas elas, o contingente daqueles que protestaram contra a xenofobia, o nacionalismo e a intolerância religiosa foi maior do que o dos simpatizantes do movimento "anti-islamização".

Segundo dados da administração de Leipzig, aproximadamente 30 mil manifestantes foram às ruas da cidade da Saxônia para tentar impedir a primeira passeata do Legida – como é chamado o movimento Pegida em Leipzig. O protesto foi convocado pela igreja, organizações civis, partidos de esquerda, associações de estudantes e pelo prefeito da cidade, Burkhard Jung.

Depois de um discurso do cônsul francês, as vítimas dos atentados terroristas em Paris foram homenageadas com um minuto de silêncio. Antes, houve uma oração e vigília na Igreja de São Nicolau, famosa por ter sido o local onde eram realizados cultos que deram origem à revolução pacífica de 1989 na então Alemanha Oriental.

De acordo com estatísticas da polícia, 4.800 pessoas participaram da primeira manifestação do Legida. Antes da marcha, a administração de Leipzig tinha proibido os adeptos do Legida de carregar caricaturas de Maomé, iguais às que estampavam as capas do magazine satírico francês Charlie Hebdo.

A decisão foi revogada posteriormente. "A liberdade de expressão é um bem muito valioso. E, depois dos ataques em Paris, ela é mais importante do que nunca", afirmou o prefeito Jung.

Deutschland PEGIDA Demonstration in Dresden
O Pegida levou 25 mil pessoas às ruas em Dresden. Eles promoveram um minuto de silêncio às vítimas francesas e levaram fotos dos cartunistas mortosFoto: Reuters/F. Bensch

Novo recorde em Dresden

Dresden, cidade onde o movimento Pegida nasceu, continua sendo a única exceção. As manifestações contra uma suposta "islamização" da Alemanha voltaram a crescer na capital da Saxônia. A polícia confirmou a presença de aproximadamente 25 mil pessoas, 7 mil a mais do que na segunda-feira passada.

Os adeptos do Pegida também promoveram um minuto de silêncio às vítimas francesas. Bandeiras da Alemanha e da França se misturavam com fotos dos caricaturistas mortos, cartazes lembrando caixões em referência aos mortos em Paris e até imagens da chanceler federal alemã, Angela Merkel, usando um véu muçulmano.

Pegida se distancia de célula de Düsseldorf

Em Berlim, aproximadamente 4 mil pessoas marcharam da chancelaria federal até o Portão de Brandemburgo, a favor de tolerância social e contra o racismo e a xenofobia. Do outro lado do ponto turístico, reuniram-se cerca de 400 adeptos do Bärgida, como é chamada a célula do Pegida na capital alemã.

Em Munique, aproximadamente 20 mil pessoas protestaram contra o movimento "anti-islamização". Em Hannover foram contabilizadas outras 17 mil. Saarbrücken teve 9 mil. Em Hamburgo e Heidelberg outras 4 mil pessoas foram às ruas. E na capital da Renânia do Norte-Vestfália, Düsseldorf, aproximadamente 5 mil pessoas impediram a marcha do Dügida, que contou com apenas 400 participantes.

A célula Dügida, por sinal, está em litígio com a central em Dresden. Motivo: o movimento em Düsseldorf, organizado por ativistas locais, recusou-se a se afastar de ideologias nazistas e adicionar a suástica nazista entre os símbolos que ficam numa "lixeira" no banner oficial do Pegida. A central em Dresden, em comunicado, divulgou que o Dügida não representa o movimento.

PEGIDA Symbolbild ARCHIV 03.11.2014
Banner oficial do Pegida com a suástica nazista e outros símbolos radicais alemães na "lixeira"Foto: picture-alliance/dpa/Arno Burgi

Merkel confirma presença em marcha

Em homenagem às vítimas de Paris, organizações muçulmanas da Alemanha e grupos da comunidade turca, convocaram uma manifestação para esta terça-feira (13/01). O evento acontecerá no Portão de Brandemburgo. A chanceler federal alemã, Angela Merkel, confirmou presença na marcha por uma Alemanha "aberta e tolerante".

"O ex-presidente Christian Wulff disse uma vez que o islã faz parte da Alemanha. Isso é correto, também penso assim. Eu sou chanceler de todos os alemães. E isto inclui todos que vivem permanentemente por aqui", disse Merkel.

PV/dpa/afp/rtr/epd