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Microsoft teria interesse em comprar participação na T-Online

Neusa Soliz15 de maio de 2002

A revista alemã Capital provocou uma alta das ações da operadora alemã Deutsche Telekom e suas subsidiárias, com essa notícia e outra, sobre o corte de 15 mil empregos.

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O símbolo da gigante alemã das telecomunicações, em seu stand na última CeBITFoto: AP

Quem possui ações da operadora alemã Deutsche Telekom vive ultimamente emoções tão fortes como andar de montanha russa. Más notícias do setor de telecomunicações e várias especulações levaram a um sobe e desce da cotação das ações da gigante alemã e suas subsidiárias.

A Microsoft teria oferecido à Telekom comprar uma participação de até 24,9% no seu provedor de Internet T-Online, noticiou, nesta quarta-feira (15), a revista de economia "Capital". E também que o presidente da T-Com, a divisão de rede fixa da empresa, teria planos de cortar 15 mil dos 118 mil empregos no setor, para diminuir os custos em 750 milhões de euros por ano. Em Bonn, onde está a sede da Telekom, o comentário é sempre o mesmo, quando a imprensa adianta o que está fermentando nos bastidores: "Não comentamos especulações", disse, de forma lapidar, o porta-voz Ulrich Lissek.

Nova alta, após queda recorde da ação

- Verdadeiras ou não, as duas notícias levaram a T-Aktie, como é chamada a sua ação, a valorizar-se 5% em Frankfurt, onde foi negociada por 14 euros. A da T-Online deu um salto de mais de 9%, para 11,59 euros. Sob forte pressão desde a colossal desvalorização nos últimos meses, o presidente da Telekom, Ron Sommer, bem que precisa de uma brisa de otimismo, tendo que enfrentar os acionistas na assembléia geral, dentro de duas semanas. A ação da Deutsche Telekom despencou para 12,34 euros no último dia 10, a cotação mais baixa de todos os tempos, inferior até aos 14,57 euros que pagaram os primeiros acionistas a comprá-la em 1996, quando do seu lançamento, na primeira fase da privatização.

As dívidas astronômicas

- "A Telekom precisa urgentemente de dinheiro", diz o analista Joeri Sels, comentando a hipótese de a Microsoft assumir uma participação na T-Online, que alguns colegas seus até consideram plausível. Segundo a revista "Capital", o negócio poderia render de 3 a 4 bilhões de euros, com o que Sommer poderia atacar um dos problemas mais urgentes da empresa: começar a diminuir as dívidas astronômicas de 67 bilhões de euros. Diante desse montante, não são muito relevantes os 361 milhões de euros que obteve com a recente venda de sua participação numa operadora de telefonia móvel na Indonésia. Sommer pretende obter muito mais vendendo os inúmeros imóveis da Telekom e várias firmas de tevê a cabo, bem como através do lançamento de ações da T-Mobile International.

No entanto, seus planos não estão sob bons auspícios. A venda das redes de tevê a cabo à Liberty Media, que renderia 5,5 bilhões de euros fracassou devido às objeções da União Européia e a crise dos valores de telecomunicações nas bolsas não permite o lançamento.

Processo por abuso de monopólio

- Como se esses problemas não bastassem, as autoridades de Bruxelas estão no pé da gigante alemã e abriram um processo contra ela na última quarta-feira (08) por abuso de sua posição monopolista no tocante à rede local. Concretamente a acusação é de cobrar de seus concorrentes pelo acesso, tarifas mais altas do que exige de seus clientes. Isso prejudicaria a livre concorrência, em detrimento dos consumidores.

Na terça-feira (14), o chefe de governo alemão, Gerhard Schröder, defendeu o presidente da Telekom das exigências dos que pediam a sua cabeça. "Não há razão para mudar quem fez um bom trabalho", disse Schröder, acrescentando que agora é preciso ter a coragem de "agüentar a decepção dos acionistas". O setor está com problemas em todo o mundo porque foram sobrestimadas suas perspectivas, na época do boom. Comparada a outras operadoras, a Deutsche Telekom teria excelentes chances de superar as dificuldades. A União ainda detém, direta e indiretamente, 43% das ações, sendo seu principal acionista.

A crise das telecomunicações

- Os analistas citam vários motivos para a crise mundial das operadoras: "Nós temos dúvidas quanto à rentabilidade do novo sistema UMTS de telefonia móvel. Além do mais, pesarão sobre os lucros as amortizações das recentes compras de empresas e das licenças UMTS, pelas quais pagaram bilhões de dólares. A retração no mercado de telefonia móvel e a saturação do mercado acabam com as perspectivas do setor na Europa", resumiu Ralph Bresler, do banco de investimentos Lampe.