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Mianmar elege primeiro presidente civil em mais de 50 anos

15 de março de 2016

Em um momento histórico, Parlamento aprova candidato nomeado pelo partido da Nobel da Paz Aung San Suu Kyi, que foi impedida de concorrer ao cargo. Novo presidente é homem de confiança da líder.

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O presidente Htin Kyaw ao lado da amiga Aung San Suu Kyi.Foto: picture-alliance/AP Photo/A. Shine Oo

O Parlamento de Mianmar escolheu nesta terça-feira (15/03) o primeiro presidente civil e eleito democraticamente no país depois de 54 anos sob o comando de uma junta militar. Htin Kyaw foi nomeado para o cargo pela Liga Nacional pela Democracia (LND) e aprovado com 360 dos 652 votos.

Kyaw, de 70 anos, é um homem de confiança da Nobel da Paz Aung San Suu Kyi, líder da LND. Ela não pôde concorrer ao cargo pois a Constituição impede que cidadãos com familiares estrangeiros assumam a chefia de Estado – os filhos de Suu Kyi têm passaporte britânico.

O novo presidente atribuiu a vitória à amiga de longa data. "O resultado de hoje deve-se ao amor que o povo tem a ela. Essa vitória é da irmã Aung San Suu Kyi. Muito obrigado", disse Kyaw.

Especula-se que a Nobel da Paz, apesar de não ter sido eleita, terá um papel fundamental e de peso no governo. No passado, Suu Kyi afirmou que poderia governar o país como uma espécie de poder acima do presidente. Seu partido, a LND, conquistou a maioria absoluta nas duas casas do Parlamento nas eleições de novembro de 2015.

Kyaw assumirá a Presidência no dia 1º de abril. O novo gabinete deve ser anunciando no final de março. Os outros dois candidatos que concorriam ao cargo foram nomeados vice-presidentes. Eles são o candidato da LND Henry Van Thio, membro ma minoria étnica chin, e o general aposentado Mynt Swe.

Influência militar

Desde 1962, Mianmar era governada por um regime militar. Em 2011, deu-se início a uma série de reformas para uma abertura política. Naquele ano, a última junta entregou o poder a um governo civil, composto por antigos militares. O Exército, porém, continuou sendo uma força poderosa no país e se recusou a modificar a cláusula na Constituição que impedia a nomeação de Suu Kyi para presidente.

Os militares ainda têm reservados 25% dos assentos no Parlamento do país, com poder de veto em emendas constitucionais, o que limita o poder do presidente. Pela Constituição, as Forças Armadas também têm garantidos três Ministérios: Interior, Defesa e Segurança das Fronteiras.

As relações entre as Forças Armadas e o novo governo definirão o caminho das mudanças no país. A Nobel da Paz deseja desmilitarizar a política, mas, para isso, depende do apoio dos próprios militares. Após meses de negociação, a primeira derrota da LND foi a tentativa de remover a cláusula na Constituição que impedia Suu Kyi de ser nomeada à Presidência.

Suu Kyi ficou 15 anos sob prisão domiciliar após o LND vencer as eleições em 1990, resultado que jamais foi reconhecido pela junta militar que governava o país.

O novo governo enfrentará a difícil missão de reconstruir um dos países mais pobres do Sudeste Asiático, onde a economia foi abalada por décadas de opressão militar e guerra civil.

CN/rtr/afp/ap