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Costa do Marfim

6 de abril de 2011

Negociações para encerrar o conflito fracassam e forças fieis ao presidente eleito da Costa do Marfim, Alassane Ouattara, invadem a residência presidencial em Abidjan, onde Gbagbo está entrincheirado.

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Soldados leais a Ouattara perto da cidade de AbidjanFoto: AP

As forças do presidente eleito da Costa do Marfim, Alassane Ouattara, lançaram nesta quarta-feira um "assalto final" à residência do presidente cessante Laurent Gbagbo em Abidjan, disseram fontes governamentais francesas à agência de notícias AFP.

A invasão da residência ocorreu após Gbagbo se recusar a aceitar a vitória de Ouattara. Gbagbo e família estariam num bunker na residência, onde resistem com a ajuda de alguns poucos apoiadores.

"Laurent Gbagbo vai ser tirado do seu buraco e colocado à disposição do presidente da República", disse à AFP Sidiki Konaté, porta-voz de Guillaume Soro, primeiro-ministro de Ouattara. "As Forças Republicanas da Costa do Marfim [tropas pró-Ouattara] decidiram resolver o problema Laurent Gbagbo. Vamos à sua residência para pôr fim a esta comédia. E iremos a todo o lado onde haja focos de resistência", acrescentou Konaté.

França: rendição está próxima

Do ponto de vista político, o presidente da Costa do Marfim, Laurent Gbagbo, está acabado. Segundo o Ministério do Exterior da França, Gbagbo está entrincheirado num bunker na sua residência, em Abidjan. As tropas do presidente eleito Alassane Ouattara, apoiadas por helicópteros da França e da ONU, aparentemente impuseram a Gbagbo a derrota final nesta terça-feira.

O ministro francês do Exterior, Alain Juppé, afirmou nesta terça-feira (05/04) em Paris que a rendição de Gbagbo está próxima. "Estamos negociando com Gbagbo e sua família para definir quando e como eles deixarão o país." Segundo Juppé, as condições para saída do presidente são "a única coisa que resta para negociar".

França e Nações Unidas exigem que Gbagbo assine um documento no qual reconhece Ouattara como vencedor da eleição de novembro de 2010. Em troca, asseguram a integridade física a Gbagbo e família, disse Juppé.

"Pôquer entre potências estrangeiras"

Mas Gbagbo ainda resiste. Numa entrevista telefônica à emissora de TV francesa LCI, afirmou que jamais reconhecerá Ouattara como o vencedor da eleição e o acusou de se aliar a potências estrangeiras, o que tiraria toda a legitimidade do adversário. "É absolutamente espantoso que o destino de um país esteja sendo decidido num jogo de pôquer entre potências estrangeiras."

Mas, ao que tudo indica, quem está jogando é ele, em busca das melhores condições para entregar o poder. "Eu não sou um camicase, eu amo a vida. Minha voz não é a voz de um mártir, eu não busco a morte, mas, se ela vier, ela virá", declarou à emissora francesa nesta terça-feira.

Com o fim dos combates, a população de Abidjan experimenta um pouco de tranquilidade na manhã desta quarta-feira. Poucos tiros são ouvidos na cidade. Os generais de Gbagbo negociaram um cessar-fogo com as Nações Unidas. Os soldados, incluindo a tropa de elite de Gbagbo, devem se entregar aos capacetes azuis da ONU.

Mas o sofrimento da população ainda está longe do fim. A segurança interna, depois do conflito, é problemática. Um milhão de pessoas está refugiada e as Nações Unidas falam de uma situação humanitária catastrófica em todo a Costa do Marfim.

Autores: Alexander Göbel / Alexandre Schossler
Revisão: Bettina Riffel