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Merkel é sabatinada pela primeira vez no Parlamento

6 de junho de 2018

Nunca antes um chanceler alemão havia sido obrigado a responder a uma maratona de perguntas diretas de deputados. Os populistas de direita aproveitaram para tentar constranger a chefe de governo.

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Deutschland, Berlin:  Bundeskanzlerin Angela Merkel (CDU) beantwortet erstmals im Rahmen einer Fragestunde die Fragen der Abgeordneten
Formato de sabatina do chanceler no parlamento foi acertado durante negociações para a formação da coalizão de governo.Foto: picture-alliance/M. Sohn

De temperamento discreto e pouco dada a falar com multidões, a chanceler federal Angela Merkel teve que enfrentar nesta quarta-feira (06/06) uma maratona de perguntas dos deputados do Bundestag. Foi a primeira vez que um chanceler foi diretamente sabatinado pelos membros do Parlamento alemão em um evento transmitido ao vivo.

O modelo, similar ao que existe no Parlamento do Reino Unido, foi acertado como parte do acordo para a formação da coalizão de governo entre a União Democrata Cristã (CDU) da chanceler e os partidos União Social-Cristã (CSU) e Partido Social-Democrata (SPD).

Pelo acordo, a chanceler deverá se submeter a sabatinas no Parlamento pelo menos três vezes ao ano. Segundo os apoiadores da medida, as sabatinas devem servir de estímulo para o debate público e trazer mais transparência ao governo.

Antes da adoção desse novo modelo, os deputados tinham que enviar perguntas com antecedência à chancelaria, que, por sua vez, formulava respostas que eram lidas por representantes do governo.

Na estreia da sabatina, Merkel respondeu a 30 perguntas. As respostas consumiram uma hora. Não estava previsto réplica. Ao contrário das agitadas e pouco ordeiras sessões parlamentares em Londres, a atmosfera da sabatina em Berlim foi mais discreta e concentrada.

Coube ao partido populista de direita Alternativa para a Alemanha (AfD), a maior força de oposição ao governo no Bundestag, fazer a primeira pergunta. O tema: as relações da Alemanha com a Rússia. Merkel respondeu ser favorável a dialogar com os russos, mas apontou que considera inviável o retorno da Rússia ao grupo internacional do antigo G8, que passou a ser G7 quando Moscou foi suspensa por causa da anexação da Crimeia.

Segundo a chanceler, a participação no grupo é caraterizada pelo respeito à lei internacional, e a interferência da Rússia na Ucrânia foi "uma violação flagrante” que tornou o afastamento do país "inevitável” e seu retorno "inviável atualmente”.  

O próximo encontro do G7 está previsto para ocorrer na sexta-feira e sábado. Merkel disse ainda que a saída dos Estados Unidos do Acordo do Clima de Paris e do acordo nuclear com o Irã, além da imposição de tarifas ao aço e alumínio apontam para um "problema sério com os acordos multilaterais".

Ainda durante a sabatina, um deputado da AfD lançou ataques à política de boas-vindas da chanceler durante a crise de refugiados de 2015. A entrada de mais de um milhão de refugiados e a posterior rejeição de parte dos alemães com a atitude do governo acabou dando impulso para o anti-imigração AfD conquistar pela primeira vez cadeiras no Parlamento em 2017.

Quando apresentou sua pergunta, o deputado Gottfried Curio acusou a chanceler de ser responsável pela "importação de islamistas” e pelo "interminável sofrimento humano causado por estupradores e assassinos”. "Quando a senhora vai renunciar?”, perguntou ele, que foi aplaudido pelas dezenas de deputados da bancada do AfD. Merkel evitou a pergunta direta e respondeu calmamente que a Alemanha se defrontou com uma "situação humanitária excepcional” e que o país se comportou de maneira "muito responsável”.

"Acabou”, disse Merkel, quando o presidente do Bundestag, Wolfgang Schäuble, encerrou a sessão. "Mas eu vou voltar”.

JPS/ots/ap

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