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Merkel x Schröder: prós e contras do debate na TV

(ca)5 de setembro de 2005

O debate entre os candidatos à chancelaria federal alemã repercutiu tanto em jornais alemães como europeus. A maioria considerou Schröder vencedor, mas muitos se mostraram surpreendidos com o desempenho de Angela Merkel.

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Jornais comentam debate, que bateu recorde de audiênciaFoto: AP

Cerca de 21 milhões de telespectadores assistiram neste domingo (04/09) ao único debate televisivo entre os principais candidatos às eleições parlamentares antecipadas para o 18 de setembro próximo. O debate, transmitido tanto pelos dois principais canais públicos de televisão alemã (ARD e ZDF), quanto por emissoras da rede privada (RTL e Sat.1), atingiu 59,7% de audiência, nível recorde para este ano.

Muita tática e pouca verdade foi o lema do duelo entre os dois candidatos na opinião do jornal Die Zeit: "Depois de 20 minutos, já queria desligar o televisor, os mesmos eternos argumentos, opiniões já conhecidas das semanas passadas, direção de câmera e corte tão emocionantes que era como estar assistindo ao crescimento de uma seringueira".

O Süddeutsche Zeitung comenta que, no que tange ao conteúdo político, o debate não trouxe nada de novo. Schröder teria saído vencedor, mostrando-se mais competente, simpático e confiável. No entanto, o jornal reconhece que, em comparação às pesquisas realizadas antes do debate, Merkel saiu-se melhor do que se esperava, ganhando pontos entre eleitores indecisos.

Wahl Fernsehduell Merkel - Schröder Gerhard Schröder
Schröder: mais delicado que contra Stoiber em 2002Foto: AP

No entanto, para o psicólogo da comunicação Ulrich Sollmann, em entrevista ao Spiegel Online, "este debate não será decisivo para a eleição, já que a campanha política alemã não é tão personalizada na figura dos candidatos como no caso da americana".

Cientistas políticos dividem as notas dadas aos debates políticos em A e B, ou seja, notas referentes ao conteúdo dos programas que defendem e notas relativas à personalidade e ao carisma de cada candidato. Para o cientista político Jürgen Falter, também em entrevista ao Spiegel Online, Merkel e Schröder empataram nas notas A enquanto Schröder venceu na nota B.

A opinião fora da Alemanha

Libération (Paris): "Angela Merkel relaxou a partir da segunda pergunta e o chanceler federal tentou não dar uma de 'macho'. Não houve surpresas nos argumentos dos candidatos e com certeza Schröder não irá conseguir se reeleger, embora Merkel não deva se confiar nas pesquisas".

Le Monde (Paris): "O social-democrata Gerhard Schröder defendeu bem suas reformas frente à candidata da democracia cristã, Angela Merkel, que se saiu de forma mais segura e mais combativa que previsto".

La Repubblica (Roma): "Ele foi o melhor, mas todos já contavam com isto. Ela aprendeu a se mostrar mais afiada, precisa e batalhadora".

Der Morgen (Bruxelas): "Em um debate absolutamente civilizado, Merkel apresentou-se bem mais atacante, enquanto Schröder mostrou-se nervoso".

Neue Zürcher Zeitung (Zurique): "Nenhum dos candidatos saiu vitorioso no debate acontecido no último domingo".

Berner Zeitung (Berna): "Merkel saiu-se melhor do que o esperado, mas Schröder também fez pontos. Entretanto, a eleição não será decidida em um estúdio de televisão".

Mulheres no poder

Wahl Fernsehduell Merkel Schröder Angela Merkel
Merkel: para muitos jornais, a perdedora do debate vencerá nas urnasFoto: AP

Na opinião de diversos jornais, outro ponto interessante do debate foi o fato de Schröder ter sido menos agressivo com Merkel do que com Edmund Stoiber nas eleições de 2002. Afinal, não pegaria bem para Schröder ser rude com uma mulher.

Alice Schwarzer, papisa do movimento feminista alemão, convidada para assistir ao debate pela rede de televisão ZDF, criticou a esposa do chanceler federal, Doris Schröder-Köpf.

Em entrevista ao jornal Die Zeit, Schröder-Köpf criticara Angela Merkel, alegando que, por não ter filhos, não deveria se meter em questões de planejamento familiar, principalmente no tangente a mães que trabalham fora de casa. Schwarzer defendeu Merkel veementemente, acusando a esposa do chanceler federal de ter uma idéia atrasada do papel da mulher na sociedade.