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Merkel sob pressão para formar governo

17 de novembro de 2017

Sete semanas após eleição, chanceler alemã ainda não conseguiu superar diferenças com potenciais parceiros para montar coalizão. Em meio a divergências entre legendas e risco de novo pleito, prazo é prorrogado.

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Deutschland Fortsetzung der Sondierungsgespräche
Merkel chega para mais uma rodada de negociações: chanceler tenta evitar novas eleiçõesFoto: picture-alliance/dpa/S. Stein

A decisão sobre um possível caminho para a política alemã foi adiada para mais tarde nesta sexta-feira (17/11), quando são retomadas as conversas entre conservadores, liberais e verdes. As legendas decidem se entram em negociações formais para montar o próximo gabinete de governo.

Esperava-se uma decisão sobre a possibilidade ou não de uma coalizão ainda na madrugada desta sexta-feira, prazo fixado como limite pela chanceler federal Angela Merkel para que fossem encerradas as sondagens entre os partidos – precursoras das negociações formais.

No entanto, depois de as discussões em Berlim terem se estendido pela madrugada, os negociadores anunciaram que as conversas seriam retomadas apenas ao meio-dia desta sexta-feira (horário local), dadas algumas divergências entre os partidos.

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Merkel está tentando fechar uma aliança improvável de sua legenda, a União Democrata Cristã (CDU), e do seu partido-irmão na Baviera, a União Social Cristã (CSU), com o Partido Liberal Democrático (FDP) e o Partido Verde para abrir caminho para o seu quarto mandato.

Tal coalizão, nunca testada a nível nacional, é a melhor saída para Merkel depois de o Partido Social-Democrata (SPD) ter anunciado que não continuaria apoiando a chanceler federal e voltaria à oposição. A decisão veio após as eleições de 24 de setembro, que deram vitória à CDU.

A aliança com os liberais e os verdes é vista como fundamental para os conservadores já que, caso ela não vingue, o país poderia estar diante, pela primeira vez, da necessidade de convocar novas eleições – isso se o SPD também mantiver seus planos de romper com Merkel.

Apesar de a CDU/CSU ter recebido a maior parte dos votos nas eleições alemãs de setembro, o resultado surpreendentemente apertado (32,9%) significa que os conservadores precisam dos liberais (10,7%) e dos verdes (8,9%) para ultrapassar os 50% de apoio e formar um governo de maioria.

Essa aliança vem sendo chamada de "Jamaica", uma alusão à semelhança entre as cores das legendas CDU, FDP e Verde, e a bandeira do país caribenho.

Divergências 

As discussões desta quinta-feira se estenderam por quase 15 horas. Apesar do prazo extrapolado, o presidente do FDP, Christian Lindner, anunciou que os partidos decidiram fazer uma pausa nas conversas, retomando-as no início da tarde desta sexta-feira.

Lindner disse que as semanas de discussões prévias entre os partidos levaram a progressos significativos em muitas questões, apesar de ainda haver divergências em relação a temas como clima e migração. Ele se disse otimista de que as diferenças ainda podem ser superadas.

"Decidimos que devemos usar os próximos dias para superar as diferenças remanescentes", declarou o líder dos liberais a repórteres. "Um projeto tão histórico como esse não deve fracassar por conta de algumas horas perdidas."

Eleitor alemão tem dois votos

Por sua vez, Michael Kellner, dos verdes, destacou que ainda há muito a ser feito. "Nada foi acertado, nada foi decidido", afirmou ele, após horas de debates. 

Ainda não se sabe se os partidos terão uma resposta já nesta sexta-feira. Segundo o secretário-geral da CDU, Peter Tauber, as conversas podem se estender até sábado. "Ainda acreditamos que vale a pena trabalhar com nossa energia total", afirmou. "Por outro lado, é evidente que isso é difícil."

Os partidos têm se mostrado divididos desde o início das conversas, e a própria Merkel, mais cedo nesta quinta-feira, falou em "diferenças sérias" entre as intenções de governo.

Há discordância sobretudo em relação à fixação de um teto para limitar a entrada de refugiados no país, questão que fez com que a chanceler federal perdesse apoio nas últimas eleições. Muito da campanha eleitoral foi centrado na política de "portas abertas" de Merkel, que, desde 2015, permitiu a entrada de mais de um milhão de refugiados na Alemanha.

Na quarta-feira, os negociadores tentavam ainda restringir suas diferenças sobre o tema. Em jogo está um plano da CDU e CSU para limitar em 200 mil anuais o número de pessoas que poderiam entrar na Alemanha por questões humanitárias. Os verdes, porém, rejeitam esse teto.

Outros pontos de discussão são a proteção do meio ambiente, transportes e política energética, que causam atritos entre os quatro partidos.

Nas últimas horas desta quinta-feira, durante a reunião das legendas, a secretária-geral dos liberais, Nicola Beer, lançou dúvidas sobre o andamento das negociações ao publicar a seguinte mensagem: "Não exija nada da outra parte que ela não seja capaz de lhe dar. Caso contrário, você ficará sem nada no final".

Próximos passos

Se os partidos decidirem que, sim, é possível formar uma aliança, deve ser dado início às negociações formais para a formação do próximo gabinete de governo. Essa fase, porém, só deve começar depois da convenção do Partido Verde, em 25 de novembro.

Se a aliança vingar, tanto o programa de governo para os próximos quatro anos como os nomes que ocuparão os postos ministeriais devem ser conhecidos ainda antes do Natal. No início de janeiro, o novo governo já estaria começando a trabalhar.

No entanto, mesmo que as discussões avancem nos próximos dias, ainda não há garantias de sucesso. Apesar de semanas de sondagens prévias, as negociações formais ainda podem fracassar caso os partidos não cheguem a um acordo sobre os temas divergentes.

Se isso ocorrer, e um novo pleito tiver que ser convocado, políticos tradicionais temem que o partido populista de direita Alternativa para a Alemanha (AfD) ganhe ainda mais terreno depois de ter conseguido entrar no Bundestag (Parlamento alemão) após as eleições de setembro. 

Fundada há menos de cinco anos, a AfD sacudiu a política do país ao adotar um discurso antimigração, tirar votos dos principais partidos e conseguir entrar no Legislativo.

EK/dw/afp/rtr/ots

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