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Merkel elogia esforços da Turquia em relação a refugiados

23 de abril de 2016

Em visita ao país, chanceler federal alemã defende acordo firmado entre União Europeia e Ancara para lidar com atual crise migratória. Premiê turco pede isenção de vistos no Espaço de Schengen para cidadãos do país.

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Merkel, Tusk e Davutoglu em Gaziantep
Foto: picture alliance/dpa/S. Suna

A chanceler federal alemã, Angela Merkel, visitou neste sábado (23/04) um campo de refugiados próximo à fronteira da Turquia com a Síria, na tentativa de impulsionar um acordo entre a União Europeia (UE) e Ancara.

Sob forte esquema de segurança, ela percorreu o campo em Nizip, na província turca de Gaziantep, acompanhada do presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, do vice-presidente da Comissão Europeia, Frans Timmermans, e do primeiro-ministro turco, Ahmet Davutoglu.

Cerca de 5 mil refugiados da guerra civil síria vivem no local. Merkel e Davutoglu foram recebidos por migrantes em trajes típicos, que lhes entregaram flores. Na entrada do campo, foi pendurado um cartaz com as palavras: "Bem-vindos à Turquia, o país que mais acolheu refugiados no mundo".

No acordo firmado entre a UE e Ancara em março, o bloco europeu ofereceu 3 milhões de euros para garantir assistência aos 2,7 refugiados sírios que vivem na Turquia. A falta de estrutura no país vizinho é considerada uma das razões pelas quais os sírios seguem viagem em direção à Europa.

Alvo de críticas, inclusive da agência da ONU para refugiados (Acnur), o acordo também prevê que todos os refugiados que chegaram à Grécia após o dia 20 de março e não requisitaram asilo ou cujos pedidos de asilo foram rejeitados devem ser deportados de volta à Turquia.

Em contrapartida, para cada migrante enviado de volta, a UE se compromete a receber outro refugiado sírio vindo da Turquia, através dos canais legais – até um limite de 72 mil. Os primeiros migrantes foram transferidos para o território turco no início deste mês.

"Nosso objetivo é não apenas deter a migração ilegal, mas também que refugiados tenham mais oportunidades perto de seu país natal", disse Merkel numa coletiva de imprensa na Universidade de Ganziatep. A chanceler federal afirmou estar muito impressionada com os esforços turcos no campo em Nizip. Ao acolher quase 3 milhões de refugiados, a Turquia fez uma "enorme contribuição" à crise de refugiados.

Merkel e Davutoglu em Gaziantep
Davutoglu: "Nós cumprimos nossa parte do acordo"Foto: Reuters/S. Kugler/Bundesregierung

Turquia pressiona por isenção de vistos

Merkel afirmou que o objetivo do acordo UE-Ancara é dar oportunidades a todos os sírios que vivem na Turquia – e não apenas aos 10% a 15% que vivem em campos de refugiados – e garantir que todas as crianças tenham acesso à educação.

Davutoglu afirmou que o acordo já teve um impacto significativo e que o número de pessoas cruzando o Mar Egeu ilegalmente a cada dia passou de 6 mil em novembro para apenas 130.

"Nós cumprimos nossa parte do acordo", afirmou o premiê, esperando que agora a UE cumpra a sua. Ele defendeu como "essencial" a isenção de vistos para cidadãos turcos no Espaço de Schengen, também prevista no acordo com a UE.

Tusk, por sua vez, elogiou Davutoglu e o governo turco, afirmando que a visita ao campo mostrou-lhe que a Turquia é "um exemplo para todo o mundo em como deveríamos tratar refugiados".

Críticas à visita

Organizações de direitos humanos criticaram a visita de Merkel e dos representantes da UE ao país. "Em vez de passear por um campo de refugiados, líderes europeus deveriam olhar por cima do novo muro na fronteira da Turquia para ver dezenas de milhares de refugiados sírios barrados do outro lado", disse Judith Sunderland, da Human Rights Watch.

"O que Angela Merkel realmente precisa trazer de volta da Turquia não são fotos com sorrisos, mas sim garantias de que as autoridades turcas vão parar de mandar refugiados de volta a seus países de origem e começar a implementar leis de asilo efetivamente", disse John Dalhuisen, da Anistia Internacional.

Antes da visita, Merkel havia dito que focaria na situação dos refugiados e na implementação do acordo UE-Turquia, o qual defendeu como "importante para nos ajudar a proteger as fronteiras externas do Espaço de Schengen ao cooperarmos com nossos vizinhos".

LPF/dpa/rtr/afp/ap