1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Crise nos EUA

27 de julho de 2011

Democratas e republicanos têm menos de uma semana para chegar a um acordo que permita a elevação do teto da dívida pública dos EUA e evite a moratória da maior economia do planeta.

https://p.dw.com/p/125BW
Bolsa dos EUA opera em queda há três dias seguidosFoto: AP

Ainda não se pode falar em pânico, mas os investidores começam a dar sinais de preocupação com a crise norte-americana. As bolsas de valores nos EUA e na Europa estão em queda há pelo menos três dias, enquanto o ouro vem operando em níveis recordes.

Inseguros devido ao impasse entre democratas e republicanos em torno do teto da dívida, investidores começam a se desfazer de seus ativos em dólar. Com isso, a moeda norte-americana registra desvalorização recorde em relação ao franco suíço – um destino favorito dos investidores de todo o mundo – e perdas também em relação ao iene japonês.

"Diante das notícias que chegam de Washington, os investidores estão recuando para evitar riscos", afirmou Mark Luschini, estrategista-chefe de investimentos da Janney Montgomery Scott, na Filadélfia.

USA / Obama / Schuldenstreit
Obama pressiona oposição para aprovar pacoteFoto: AP

Até a próxima terça-feira (02/08), republicanos e democratas precisam resolver o impasse político e encontrar um acordo para aprovar o plano que prevê a elevação do teto da dívida pública do país. O limite de gastos, atualmente em 14,3 trilhões de dólares, precisa ser ampliado para que os EUA consigam pagar suas obrigações, como pagamento de pensionistas, de militares da reserva ou mesmo de empresas que tenham negócios com o governo.

Ameaça de moratória

No entanto, ainda que o plano evite o default (moratória), caso não haja cortes significativos nos gastos públicos os EUA correm o risco de ser rebaixados de sua classificação de crédito AAA, o que elevaria o custo de novos empréstimos – um duro golpe para a recuperação econômica do país.

Com o rebaixamento, grandes portadores de títulos públicos norte-americanos, como os fundos de pensão, se veriam obrigados a vender esse papéis (algo em torno de 1,8 trilhão de dólares). A China, maior credor dos Estados Unidos, com mais de 1 trilhão de dólares em papéis americanos, também enfrentaria problemas.

Como alertou o FMI (Fundo Monetário Internacional), os efeitos globais de um default dos EUA seriam significativos, pois os títulos norte-americanos desempenham um papel central no mercado financeiro mundial.

USA Washington IWF Christine Lagarde
Lagarde cobra do governo dos EUA uma solução rápidaFoto: dapd

A real ameaça de default da maior economia do mundo levou a diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, a cobrar das autoridades norte-americanas uma solução rápida para o impasse político no Congresso.

"O tempo está correndo e esta questão precisa ser resolvida imediatamente", disse Lagarde nesta terça-feira em Nova York. "Um default ou um rebaixamento significativo dos Estados Unidos seria um acontecimento muito, muito sério", afirmou a chefe do FMI. "Não apenas para os EUA, mas para boa parte da economia global", avaliou.

A Casa Branca considera, no entanto, que os mercados acreditam na capacidade de Washington de conduzir a crise, pois as reações até agora não foram consideradas drásticas.

"Não sou analista de mercado, mas acho que é algo positivo que as pessoas ainda acreditem, como nós acreditamos, que Washington fará a coisa certa e resolverá o problema", afirmou o porta-voz Jay Carney.

Pressão política

Durante pronunciamento na última segunda-feira, o presidente Barack Obama expôs à população um péssimo quadro da situação caso os líderes em Washington não consigam chegar a um acordo para aumentar o teto da dívida pública do país até a próxima terça-feira.

Para analistas, o Congresso pode alcançar esse acordo antes mesmo do prazo final. No entanto, as acirradas disputas partidárias – alimentadas especialmente pela proximidade das eleições presidenciais do próximo ano – vêm atrasando a definição de uma saída para o país.

MS/dpa/rtr/afp
Revisão: Alexandre Schossler