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Conferência Internacional sobre a Aids termina com esperança sobre cura

28 de julho de 2012

Progressos em pesquisas e financiamento do tratamento foram os principais temas do evento bianual. Início imediato do uso de antirretrovirais pode garantir mais qualidade de vida e economia no tratamento da doença.

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COMMERCIAL IMAGE - In this photograph taken by AP Images for Aids Healthcare Foundation, marchers parade towards the Capital in the Keep the Promise on HIV/Aids Rally March on Washington, Sunday, July 22, 2012, in Washington. (Steve Ruark/AP Images for Aids Healthcare Foundation)
Welt-Aids-Konferenz Washington USA 2012Foto: dapd

A Conferência Internacional sobre a Aids terminou na sexta-feira (27/7) com otimismo quanto aos progressos alcançados para a descoberta de uma cura, mas também com preocupação sobre financiamento adequado para o tratamento dos cerca de 34 milhões de soropositivos no mundo.

Para os conferencistas, garantir acesso ao tratamento continua sendo a chave para travar o avanço da epidemia, haja vista que ainda serão necessários alguns anos de pesquisa até que se chegue à cura.

Os organizadores do evento bienal revelaram que novas pesquisas podem resultar, em breve, em uma nova terapia com antirretrovirais. O anúncio ocorreu em meio aos apelos de ativistas para que se amplie o acesso dos medicamentos à população infectada.

A ganhadora do prêmio nobel de medicina Françoise Barre-Sinoussi disse ser "inaceitável" que tratamentos cientificamente comprovados e ferramentas de prevenção ainda não estejam ao alcance das pessoas que mais precisam. Barre-Sinoussi foi uma das descobridoras do vírus HIV e é a nova presidente da Sociedade Internacional da Aids.

Avanços

A conferência contou com 24 mil delegados de 83 países, e foi realizada nos Estados Unidos pela primeira vez em 20 anos. Uma das novidades foi o resultado de uma pesquisa realizada com pacientes franceses que começaram a ser tratados com antirretrovirais imediatamente após a infecção pelo HIV.

Etikettierung Antiretroviral-Fabrik (Maputo, Mosambik)
Antirretrovirais previnem transmissão em 96% dos casosFoto: Divulgacao Cinevideo/Farmanguinhos

Passados seis anos, os pacientes interromperam o tratamento e não foi verificado aumento na carga viral. Conforme o estudo, as células destes soropositivos apresentam níveis de HIV similares ao de grupos controlados com antirretrovirais. O estudo é da Agência Nacional Francesa de pesquisa contra a Aids e Hepatites Virais.

"Os resultados sugerem que o antirretroviral deve começar a ser administrado imediatamente após a infecção", disse a diretora da pesquisa Charline Bacchus, que apresentou os resultados.

Outra linha de pesquisa bem-sucedida envolveu o transplante de células-tronco em dois pacientes que estavam sendo tratados contra linfoma, um grave tipo de câncer nas células sanguíneas. O trabalho é coordenado pelos pesquisadores da Escola de Medicina de Harvard, Timothy Henrich e Daniel Kuritzkes.

A pesquisa foi reforçada pelos resultados obtidos no tratamento do norte-americano Timothy Brown contra leucemia. Ele teria recebido células tronco de um doador com uma rara mutação que o tornou imune ao HIV. Brown apareceu publicamente no início da semana para anunciar que estava curado e aproveitar para levantar fundos para a pesquisa. Cerca de 1% da população caucasiana do mundo teria esta imunidade.

Former US President Bill Clinton delivers remarks at the AIDS 2012 Conference July 27, 2012, at the Convention Center in Washington, DC. AFP Photo/Paul J. Richards (Photo credit should read PAUL J. RICHARDS/AFP/GettyImages)
Bill Clinton: crise econômica não pode afetar tratamento da AidsFoto: AFP/Getty Images

Economia

O financiamento internacional para pesquisas e tratamento está sendo afetado negativamente pela crise econômica global e pelas preocupações com a transparência na gestão dos recursos. "Alguns consultores internacionais recebem mais de 600 dólares por dia. Três pessoas poderiam ser tratadas durante um ano inteiro com a mesma quantia de dinheiro", disse o ex-presidente norte-americano Bill Clinton durante a cerimônia de encerramento do evento. Clinton, cuja fundação é engajada na luta contra Aids, pediu maior transparência no financiamento e decisões baseadas em critérios científicos, não políticos.

Ampliar o acesso ao tratamento pode ser um investimento inicialmente bastante caro, mas pesquisadores da universidade norte-americana de Harvard disseram que pode poupar recursos. Segundo divulgado na conferência, quanto mais cedo o soropositivo for tratado, menor seriam os gastos no tratamento de doenças relacionadas à Aids. As "doenças oportunistas" encarecem os custos do tratamento. A pesquisadora Rochelle Walensky, da universidade de Harvard, explica que, com o tempo, esse custo é superado pelos gastos com o tratamento de milhões de pessoas ao longo de décadas.

MP/ape/dpa/ips
Revisão: Francis França