1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Melhor que braços cruzados

Daniel Scheschkewitz/jw9 de janeiro de 2004

Entrar nos EUA agora só de dedos pretos: desde o início de 2004, os visitantes têm de deixar na fronteira suas impressões digitais. Liberdade cerceada, mas pior seria não fazer nada.

https://p.dw.com/p/4Xkv

O Estados Unidos são um país livre, fato de que os cidadãos norte-americanos se sentem orgulhosos. A luta dos americanos pela liberdade inspirou milhões de pessoas oprimidas no mundo inteiro. Mas nestes dias, ao visitar os EUA, a maioria delas se vê tratada como um criminoso ou no mínimo alguém que trama algo de mal. A quem vem de um Estado que respeita os direitos deve causar estranheza que o serviço de identificação o registre logo na fronteira. Tirar a impressão digital e um retrato da pessoa na porta de entrada de um país livre – tem mais gosto de delegacia do que de boas vindas.

Endereço? Não interessa! – No entanto, os críticos dessas novas medidas drásticas se esquecem de que os EUA são um dos poucos países desenvolvidos em que não existe a obrigação de declarar sua moradia. Até agora, estrangeiros com visto de estudante ou de pesquisador podiam simplesmente desaparecer na clandestinidade sem correr o risco de serem detectados. Dessa maneira, alguns terroristas do 11 de setembro conseguiram ultrapassar o prazo de permanência permitida.

Ao contrário do regulamento francês, por exemplo, os estrangeiros que viajam pelos EUA podem alugar qualquer alojamento sem dar satisfação nenhuma sobre seu endereço no país de origem; o mesmo pode dizer-se com respeito ao aluguel de carros. Mover-se sem restrições de um canto ao outro – isto num país de enorme extensão .

Quem joga a primeira pedra – Além disso, grande número de imigrantes dos Estados Unidos – entre eles afegãos, iraquianos, mas também bósnios – vêm de países que viviam em guerra civil. Muitos deles até teriam preferido morar na Alemanha, mas os regulamentos para entrar e viver temporariamente na União Européia são muito mais restritivos do que nos EUA, isso sem falar em residência permanente.

Sem dúvida, desde os atentatos do 11 de setembro o governo Bush tomou algumas medidas altamente questionáveis à custa dos direitos dos cidadãos: o FBI controla o empréstimo de livros nas bibliotecas estaduais, câmeras vigiam espaços públicos e contas de cartões de créditos particulares estão sendo controladas.

No entanto, a impressão digital ao passar a fronteira é uma medida compreensível. Os dados biométricos estão sendo salvados apenas até o visitante sair do país outra vez, o procedimento todo só leva alguns segundos. Um gasto de tempo justificável por mais um pouco de segurança. Temos de aceitar que viajar sem preocupações não existe mais – mas isto não é devido às supostas chicanices das autoridades, mas sim porque terroristas infestam o mundo. Ao criticar com toda razão medidas exageradas, não se deveria esquecer esse fato.