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Medida antiterror gera medo e polêmica

ef2 de janeiro de 2004

Suspeita de atentado contra o hospital do Exército alemão em Hamburgo aumenta o medo do terror na Alemanha, leva vários estados a reforçar medidas de segurança e gera grande contenda entre situação e oposição.

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Ação antiterror em HamburgoFoto: AP

Uma advertência da Polícia Federal, baseada em informações dos serviços secretos alemão e norte-americano, ofuscou o brilho das festas na passagem do ano e espalhou o medo pela Alemanha. Na véspera do Reveillon, centenas de policiais fortemente armados interditaram o hospital militar no bairro Wandsbek de Hamburgo, área densamente povoada da cidade portuária. Tanques, contêineres e sinais luminosos fecharam as ruas de acesso ao hospital. "Aqui ninguém entra nem sai", dizia um policial. Quem perguntava pelo motivo recebia uma resposta lacônica: ameaça de bomba.

A interdição do hospital militar havia sido ordenada na terça-feira (30/12) pelo secretário do Interior de Hamburgo, Dirk Nockemann, por causa de uma suposta ameaça de atentado suicida do grupo radical islâmico Ansar Al Islã (apoiadores do Islã). No dia seguinte, vários estados alemães reforçaram suas medidas preventivas de segurança.

O Ansar Al Islã foi criado em setembro de 2001, tem cerca de mil membros na Alemanha e mantém contato com a organização terrorista Al Qaeda de Osama Bin Laden, apontado pelos Estados Unidos como responsável pelos atentados de 11 de setembro de 2001, em Nova York e Washington, com mais de três mil mortos.

O estado de Hessen reforçou as medidas de proteção nas chamadas "instituições sensíveis", como as bases aérea e militar dos Estados Unidos em Frankfurt. Baviera, Baden-Württemberg e Renânia do Norte-Vestfália também reforçaram as medidas de segurança em torno das instituições americanas. As informações iniciais sobre a suposta ameaça de ataque terrorista teria partido do serviço secreto americano CIA. As Forças Armadas dos EUA desmentiram que haja militares americanos internados no hospital de Hamburgo.

Espalhafato desnecessário?

- O ministro do Interior, Otto Schily, do Partido Social Democrata (SPD) criticou a interdição do hospital pelo governo de Hamburgo, alegando que "os indícios incertos" de um suposto planejamento de ataque terrorista teriam sido levados a público prematuramente. Isto dificultaria as investigações, alegou o ministro. Outros políticos do SPD advertiram os governos estaduais a reagirem com mais discrição, a fim de não prejudicar o esclarecimento de supostas ameaças de atentados.

O Partido Verde, governista, também deu razão ao ministro. O deputado verde Volker Beck indagou se o governo de Hamburgo não poderia ter reagido com mais discrição. Mas a oposição democrata-cristã no Parlamento federal em Berlim (CDU e CSU) considerou as medidas de segurança inteiramente justificadas e criticou a conduta do ministro.

Schily não teria motivos objetivos e sim políticos para condenar as medidas de segurança adotadas em Hamburgo, segundo o vice-líder da bancada conjunta dos dois partidos, Wolfgang Bosbach. Este disse que o governo de Hamburgo "viu-se numa situação muito sensível e reagiu corretamente, com determinação".

Um banho de sangue a menos

- A imprensa alemã apoiou a reação de Hamburgo. Ela teria poupado a Alemanha de um banho de sangue na virada do ano, segundo o jornal Stuttgarter Nachrichten. Para o Die Welt, os terroristas não consideram o fato de o governo alemão ter sido contra a guerra no Iraque. "Quando a meta deles (terroristas) é atingir o grande satã (Estados Unidos), pouco se importam se alemães inocentes morrem em suas ações", escreveu o jornal alemão.

Para o Mitteldeutsche Zeitung, não dá mais para dizer onde o perigo de terror é maior ou mais agudo. "Depois que quatro instituições da União Européia receberam cartas-bomba (Comissão Européia, Banco Central Europeu, Europol e Eurojust) o mandamento é vigilância e cautela, escreveu o jornal acrescentando que "o mundo mudou também na Alemanha".