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May enfrenta voto de desconfiança

12 de dezembro de 2018

Se perder, premiê britânica deverá abdicar da liderança do Partido Conservador, no poder, e da chefia do governo. Moção contra Theresa May foi desencadeada por correligionários em meio a incertezas sobre Brexit.

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Primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, de saída de sua residência na Downing Street 10, em Londres
Para seguir na liderança do governo, Theresa May precisa de 158 votos favoráveis dos 315 deputados conservadoresFoto: Getty Images/L. Neal

A primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, terá que enfrentar nesta quarta-feira (12/12) uma moção de confiança, impulsionada por seus próprios correligionários do Partido Conservador, em meio às incertezas sobre o processo de saída britânica da União Europeia.

Para se manter à frente dos conservadores, May precisa a seu favor de 158 de 315 votos conservadores no Parlamento. Caso sobreviva à votação, não poderá ser realizado no período de um ano outro processo similar interno, de acordo com as regras do partido. Em caso de derrota, a chefe de governo deverá abdicar da liderança partidária e, consequentemente, do cargo de premiê do Reino Unido.

Graham Brady, presidente da Comissão 1922, que gere o processo de eleições internas do Partido Conservador, comunicou que a votação será realizada ainda no fim desta quarta-feira. "Os votos serão contados imediatamente após a votação e o resultado será anunciado quando possível esta noite", acrescentou.

"Vou lutar contra essa votação com todas as minhas forças", disse May num breve discurso em Downing Street, a residência dos chefes de governo britânicos, e acrescentou que estava "firmemente decidida a terminar o trabalho" de aplicação do Brexit.  "Devemos concluir o voto do referendo [sobre a saída da União Europeia] e aproveitaremos as oportunidades que temos pela frente", afirmou.       

Na sua declaração, a primeira-ministra disse que eleger agora um novo líder conservador é um "risco" para o futuro do país e sublinhou que um outro chefe não terá tempo suficiente para reabrir as negociações com a União Europeia (UE) sobre o Brexit. Ela inclusive cancelou sua viagem à Irlanda para ficar em Londres e obter apoios para a votação.

Para May, uma nova liderança teria que adiar a retirada do país da UE ou revogar a notificação em que é baseada, o Artigo 50° do Tratado de Lisboa, que permite a retração de um país-membro do bloco e que o Reino Unido invocou em março de 2017, dando início ao processo para a saída britânica do bloco comunitário europeu. Na opinião de May, o líder da oposição trabalhista, Jeremy Corbyn, seria o beneficiário da chegada de uma nova cabeça à frente dos conservadores, que estão no poder.

O oposicionista Corbyn tem enfrentado pressão de sua agremiação e, especialmente, de outros grupos de oposição, como o Partido Verde e o Partido Nacional Escocês, para convocar no Parlamento britânico uma moção de desconfiança contra o governo de May, na qual todos os parlamentares poderiam votar. Até agora, ele tem resistido.

A ação interna do Partido Conservador ocorre enquanto May enfrenta um descontentamento generalizado no Parlamento britânico com o acordo negociado por ela sobre a saída do Reino Unido da União Europeia, marcada para 29 de março.

Na terça-feira, May adiou uma votação parlamentar sobre o acordo do Brexit depois que ficou claro que seria extremamente improvável que este seria aprovado pelos legisladores.

O ex-ministro para Meio Ambiente do Reino Unido, Owen Paterson, um dos parlamentares conservadores que apresentaram uma carta de desconfiança para acionar a moção, descreveu o acordo do Brexit como "tão ruim que não pode ser considerado outra coisa senão traição de promessas claramente manifestadas".

Por outro lado, o ministro das Relações Exteriores do Reino Unido, Jeremy Hunt, disse que uma batalha pela liderança é "a última coisa que o país precisa" e que May é "a melhor pessoa para garantir que realmente deixaremos a UE em 29 de março".

O ministro do Interior, Sajid Javid, compartilhou da mesma opinião de Hunt e afirmou que uma votação pela liderança partidária seria "vista como autoindulgente e errada" e que May tem seu "apoio total".

O antecessor de May, David Cameron, que convocou o referendo sobre a saída britânica da União Europeia em junho de 2016, instou os parlamentares conservadores a votarem pela manutenção da primeira-ministra no cargo. Segundo levantamento da agência de notícias Reuters, ao menos 100 parlamentares citaram publicamente apoio a May.  

PV/rtr/dpa/efe/lusa

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