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May critica Trump por compartilhar vídeos anti-islâmicos

30 de novembro de 2017

Em viagem à Jordânia, premiê do Reino Unido diz que presidente dos EUA errou ao retuitar imagens de grupo britânico ultradireitista, mas nega, apesar da pressão da oposição, que visita do líder a Londres será cancelada.

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Brüssel Theresa May & Donald Trump
A premiê Theresa May e o presidente Donald Trump, durante um encontro em Bruxelas em maio passadoFoto: picture-alliance/AP Photo/M. Dunham

A primeira-ministra britânica, Theresa May, tirou um tempo de sua viagem ao Oriente Médio nesta quinta-feira (30/11) para comentar o recente interesse do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, por um movimento de extrema direita do Reino Unido, chamado Britain First.

Na véspera, Trump compartilhou, em seu perfil no Twitter, três vídeos anti-islâmicos inicialmente publicados por Jayda Fransen, vice-líder do grupo ultradireitista. As imagens, que mostram atos de violência supostamente cometidos por muçulmanos, provocaram reações indignadas.

"O fato de trabalharmos juntos não significa que nós tenhamos medo de dizer a verdade quando achamos que os Estados Unidos cometeram um erro e de ser bem claros com eles", disse May em Amã, na Jordânia. "E está bem claro que retuitar o Britain First foi a coisa errada a se fazer."

 A premiê britânica indicou, no entanto, que, apesar das divergências nesse assunto, as relações "duradouras e de longo prazo" entre Washington e Londres "vão continuar".

Ela também negou que haja mudanças nos planos de uma viagem de Trump ao Reino Unido em razão do ocorrido. "Um convite para uma visita de Estado foi reforçado e aceito. Ainda temos de marcar uma data", disse May a repórteres.

O prefeito de Londres, Sadiq Khan, que é muçulmano, acusou Trump de ter traído a relação entre EUA e Reino Unido ao compartilhar os vídeos anti-islâmicos, e se uniu a um grupo crescente de políticos britânicos que pedem a May que cancele a visita do presidente americano.

Segundo Khan, Trump "usou o Twitter para promover um grupo vil e extremista que existe unicamente para semear a divisão e o ódio em nosso país". "Britânicos que amam os EUA e americanos verão isso como uma traição da especial relação entre nossos países", acrescentou.

Já o parlamentar David Lammy, do Partido Trabalhista, afirmou que a atitude de Trump equivale a "um crime no Reino Unido, que se chama incitação ao ódio" e que, por isso, ele deveria ser barrado de entrar no país. "Uma visita de Estado seria um ato modesto de apaziguamento", opinou.

O governo britânico já havia respondido às postagens do presidente americano na mesma quarta-feira, mas por meio de um porta-voz, que chamara a atitude de Trump de "erro".

"O Britain First procura dividir as comunidades através do uso de narrativas de ódio, que vendem mentiras e provocam tensões. Eles causam ansiedade em pessoas que cumprem a lei", dizia o comunicado. "O povo britânico, em sua maioria, rejeita a retórica preconceituosa da extrema direita, que é a antítese dos valores que este país representa: decência, tolerância e respeito."

Após as críticas de Londres na quarta-feira, Trump publicou no Twitter uma resposta provocadora: "Theresa May, não se concentre em mim. Concentre-se no destrutivo terrorismo radical islâmico que está tomando lugar no Reino Unido. Nós estamos bem".

Britain First

O Britain First (Reino Unido em primeiro lugar, em tradução livre) é um grupo de extrema direita contrário à imigração e ao que chama de "islamização" do Reino Unido. Já lançou candidatos em eleições locais e nacionais, sem sucesso, e fez campanha contra a construção e expansão de mesquitas.

Os integrantes do movimento, que se consideram um partido político, mesmo não tendo representantes no governo, são acusados de promover a intolerância religiosa, também por meio do compartilhamento de conteúdo agressivo nas redes sociais.

Jayda Fransen, vice-líder do Britain First, também acumula acusações de intolerância. No ano passado, ela chegou a ser condenada a pagar uma multa pelo crime de assédio agravado pela religião, após ofender uma mulher muçulmana que vestia um hijab.

A britânica ainda responde a uma ação por ter usado "palavras ou comportamento ameaçadores, abusivos ou insultantes" durante um discurso na Irlanda do Norte, em agosto. Ela precisou prestar esclarecimentos às autoridades, mas pagou fiança e atualmente está em liberdade.

EK/ap/dpa/efe/rtr

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