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Mark Zuckerberg quebra silêncio sobre escândalo de dados

21 de março de 2018

Fundador do Facebook admite erros e afirma que rede social tem a responsabilidade de proteger usuários. Dados de milhões de usuários da plataforma teriam sido usados para eleger Trump.

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Mark Zuckerberg
Zuckerberg se manifestou quatro dias após escândalo de coleta ilegal de dados Foto: imago/ITAR-TASS

O fundador do Facebook, Mark Zuckerberg, admitiu nesta quarta-feira (21/03) que a rede social cometeu erros e tem responsabilidade de proteger usuários. Em sua primeira declaração após o escândalo de uso indevido de dados de milhões de usuários, o criador da plataforma evitou entrar em detalhes sobre o caso.

"Temos a responsabilidade de proteger seus dados e, se não pudermos, não merecemos atendê-los", escreveu Zuckerberg em sua página no Facebook, quatro dias após a revelação do escândalo. Ele afirmou estar trabalhando para entender exatamente o que aconteceu e para ter certeza de que algo assim não se repetirá.

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Zuckerberg destacou que medidas para evitar coleta ilegal de dados como a do atual escândalo já foram tomadas há alguns anos pela rede social. "Mas nós também cometemos erros, há mais a fazer e precisamos acelerar isso", ressaltou.

A chefe de operações do Facebook, Sheryl Sandberg, também se manifestou sobre o caso. Ela lamentou profundamente que a empresa não tenha feito "o suficiente" no caso envolvendo a empresa de análise de dados Cambridge Analytica e disse que passou os últimos dias tentado compreender o que ocorreu.

No último sábado, os jornais New York Times e o The Observer revelaram que a Cambridge Analytica colheu informações privadas de mais de 50 milhões de usuários do Facebook no desenvolvimento de técnicas para beneficiar a campanha eleitoral do presidente Donald Trump em 2016.

O Facebook diz ter sido enganado e rejeita ter algo a ver com as atividades da Cambridge Analytica. A consultoria britânica, por sua vez, nega irregularidades.

Alvo de ações

O escândalo transformou o Facebook em alvo de investigações de autoridades reguladoras e promotores públicos dos Estados Unidos. Políticos da Europa e dos EUA convocaram ainda Zuckerberg a se explicar.

A questão a ser respondida é se o Facebook usou de forma indevida os dados de seus usuários e, se não, quem o fez. O responsável pelo aplicativo usado para coletar as informações de milhões de perfis do Facebook disse nesta quarta-feira estar sendo usado como "bode expiatório" do escândalo.

O professor de psicologia da universidade britânica de Cambridge Aleksandr Kogan afirmou, em entrevista à BBC, que achava estar fazendo algo "perfeitamente legal" ao vender para a empresa de britânica consultoria digital Cambridge Analytica os dados que coletara. "A Cambridge Analytica nos garantiu que tudo era perfeitamente legal", ressaltou.

O uso indevido das informações pessoais de 50 milhões de perfis do Facebook teria tido origem numa pesquisa elaborada na rede social através do aplicativo "This is you digital life", desenvolvido por Kogan.

A enquete fez perguntas sobre a personalidade dos usuários. Cerca de 270 mil pessoas participaram. Antes de responder à primeira questão, elas precisavam permitir que o realizador da sondagem acessasse não só seus perfis do Facebook, mas também o de seus contatos. Assim, Kogan acabou tendo acesso a um imenso banco de dados que teria transmitido à Cambridge Analytica.

Com o escândalo, as ações do Facebook despencaram, perdendo cerca de 20% de seu valor. Só nos últimos dois dias, a rede social perdeu quase 50 bilhões de dólares em valor de mercado.

CN/rtr/ap/afp

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