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Marcha contra a corrupção

8 de setembro de 2011

Em protesto colorido e pacífico, manifestantes pediram punição para os corruptos e o fim do voto secreto para os processos de cassação de mandato no Congresso Nacional.

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Manifestantes exibem faixa pedindo o fim da corrupçãoFoto: picture-alliance/dpa

Além do tradicional desfile cívico-militar do 7 de Setembro, as ruas de Brasília e outras grandes cidades brasileiras foram ocupadas nesta quarta-feira (07/09) por milhares de pessoas que participaram de marchas contra a corrupção no Brasil.

Segundo estimativas de autoridades locais, cerca de 60 mil pessoas estavam na área central de Brasília, incluindo o público que assistia ao desfile da Independência e os que de fato participaram da marcha.

Pelos cálculos da Polícia Militar do Distrito Federal, cerca de 25 mil pessoas participaram da marcha contra a corrupção . O movimento foi pacífico. Entre os participantes estavam estudantes, aposentados e até crianças.

Na capital, o local escolhido para a concentração da marcha contra a corrupção foi a praça do Museu Nacional de Brasília, a poucos metros do local do desfile da Independência. Carros de som, alto falantes e manifestantes fantasiados exibindo faixas tomaram conta da mais importante avenida da capital.

Fim do voto secreto

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'Não somos trouxas', disseram os manifestantesFoto: dapd

A manifestação foi organizada através do Facebook e de outras redes sociais. Páginas com títulos como "Manifesto contra a corrupção no Brasil" ou "Marcha contra a corrupção" ganharam dezenas de milhares de adeptos em poucos dias.

Segundo Giderclay Zeballos, um dos organizadores do movimento, o objetivo era chamar a atenção para o que há de errado na política nacional. "A intenção é mostrar que o povo, se ele se unir em torno de uma causa, consegue fazer algo. O povo brasileiro é trabalhador e honesto e não reflete o que está ali no Congresso."

O caso mais recente, e considerado o estopim para a mobilização, foi a absolvição da deputada federal Jaqueline Roriz (PMN-DF) no processo de cassação do seu mandato. Ela havia sido flagrada num vídeo, gravado em 2006, no qual recebia um pacote de dinheiro do delator do mensalão do DEM, Durval Barbosa. Os deputados absolveram Jaqueline das acusações numa votação secreta.

O fim do voto secreto no Congresso em casos de corrupção foi uma das reivindicações ouvidas na marcha. "Voto secreto não, eu quero ver a cara do ladrão", bradavam os manifestantes. Outros casos também ganharam destaque recentemente, como a demissão de mais de 20 funcionários do Ministério dos Transportes em consequência de denúncias de corrupção.

Mais protestos previstos

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Muitos manifestantes se fantasiaram, como este jovem em São PauloFoto: picture-alliance/dpa

Participante da marcha, o estudante Raul Lima levava um cartaz que dizia "tire as suas mãos sujas do nosso dinheiro suado". "Nós trabalhamos muito o ano inteiro e essas pessoas não trabalham a metade do que nós trabalhamos e não merecem o dinheiro que ganham", afirmou Lima.

Como forma de protesto, os manifestantes lavaram a calçada em frente ao Congresso Nacional, uma ação simbólica para representar a limpeza que querem ver colocada em prática, como disse a estudante Jade Ticiane. "A gente cansou de ser passado pra trás e não quer mais ficar parado, jogando a poeira pra baixo do tapete. [Não é para] acharem que a gente não sabe de nada e pode ser feito de trouxa."

O movimento se declarou apartidário e recebeu o apoio de instituições como a Associação Brasileira de Imprensa e a Ordem dos Advogados do Brasil.

Walter Magalhães, um dos idealizadores da marcha, diz que o grupo já prepara outras manifestações. "Este foi só um aviso. Movimentos focados em temas mais específicos vão acontecer nos próximos meses."

Autora: Ericka de Sá
Revisão: Alexandre Schossler